O Brasil é uma verdadeira potência ambiental. Reunimos aqui uma das maiores biodiversidades do mundo, com características naturais únicas, essenciais para a sobrevivência do planeta. Mas, de forma perigosa e inconsequente, temos colocado em risco essa sobrevivência, apostando em uma política que caminha na contramão da preservação e promove um verdadeiro desmonte ambiental.
Nada aumentará mais a desigualdade e atingirá tanto os mais pobres como a crise climática e a destruição do meio ambiente. Este é um problema que atravessa todos os temas e interfere em todas as áreas – do Desenvolvimento Social à Economia. Não existe futuro sem desenvolvimento sustentável e a construção de uma agenda socioambiental é urgente.
Por isso, precisamos começar a agir de forma consciente, desde já. Em outubro, teremos eleições e é hora de pressionarmos os candidatos para que deixem de lado a discussão de temas vazios, polêmicos ou ataques mútuos, para mostrarem de fato uma agenda de governo preocupada em melhorar a vida das pessoas, por meio da pauta ambiental e da redução dos efeitos da crise climática.
É fundamental que o próximo governo coloque a agenda ambiental como eixo central e intersetorial de suas decisões. O Brasil saiu nos últimos anos do papel de protagonista e referência mundial na pauta ambiental para ocupar manchetes sobre retrocesso e desmonte. De fato, a boiada passou destruindo nossas florestas e políticas ambientais.
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Não é possível continuar com o descaso que vemos hoje. O desaparecimento e a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips é mais uma amostra do efeito colateral do abandono da Amazônia e das terras indígenas pelos governantes. A incompetência e omissão do governo Bolsonaro custaram suas vidas.
Além dessa violência velada, ainda somos o sexto país no mundo que mais sofre com catástrofes climáticas, segundo a ONU. Fomos, em 2021, responsáveis por 40% da perda de florestas nativas em todo o mundo. Só nos primeiros cinco meses deste ano, 457 pessoas morreram em desastres causados pelo excesso de chuva no Brasil: um aumento de 57% em relação ao ano passado. Onde estão os candidatos e candidatas preocupados com a agenda ambiental no Brasil?
Só conseguiremos quebrar este ciclo na medida em que o país investir na implantação de ações eficientes para a adaptação às mudanças climáticas, com a consequente redução dos níveis de vulnerabilidade, apoio à implantação e operacionalização de sistemas de alerta e preventivos aos eventos extremos. Para isso, precisamos de pessoas comprometidas em todas as esferas de poder.
A população como um todo também é responsável por esse problema e por colaborar com sua solução. E, uma das formas de atuar nesse sentido é usar o poder do voto para colocar pessoas nesses espaços, que de fato farão a diferença. Não dá mais para termos os mesmos problemas e buscarmos as mesmas soluções, inclusive manter os mesmos políticos que estão há anos nesses espaços.
Construir um novo modelo é urgente. Historicamente, nunca tivemos que tomar decisões que nos impactariam daqui a 100 anos. O ser humano não se preocupa com isso, mas já é hora de sim, se preocupar. E a pergunta que todos devemos fazer este ano é: candidatos, quais são suas propostas para o meio ambiente?
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