Mais de 1,66 milhão de brasileiros trabalham atualmente por meio de aplicativos de transporte e entregas no país. A maior parte desse público é formado por homens, com o ensino médico completo e de pessoas que se identificam como pretas ou pardas. Os dados foram levantados por uma pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e divulgados na noite dessa terça-feira (11) pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec). Segundo a pesquisa, o país conta com 1.274.281 motoristas e 385.742 entregadores que prestam serviços para iFood, Uber, 99 e Zé Delivery, aplicativos associados a Amobitec.
Para os motoristas, a média de trabalho é de 4,2 dias por semana, com uma renda média líquida estimada que varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756 ao mês por uma jornada de 40 horas semanais. De acordo com o levantamento, 95% dos motoristas são homens, com a média de idade de 39 anos, e 49% se identificam como pretos ou pardos.
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Conforme a pesquisa, 36% estavam à procura de trabalho antes de prestarem serviço para os aplicativos; 31% dos entrevistados tinham uma ocupação prévia e a mantiveram após o início das atividades com as plataformas, enquanto 26% abandonaram o trabalho anterior para se dedicar exclusivamente aos aplicativos. Atualmente, 63% dos motoristas têm o vínculo com as plataformas como a única atividade remunerada.
Para os entregadores, a jornada semanal é de cerca de 3,3 dias, com renda média estimada entre R$ 1.980 e R$ 3.039 por 40 horas semanais. A média de homens é ainda maior do que a dos motoristas (97%), assim como o número de trabalhadores que se identificam como pretos ou pardos (51%). A idade média é de 33 anos.
Segundo o levantamento, 45% dos entregadores tinham uma ocupação prévia e a mantiveram após o início das atividades com os aplicativos, enquanto 22% passaram a se dedicar exclusivamente. 27% dos entregadores já trabalhavam com entregas; 52% mantêm exclusividade com as plataformas, enquanto 48% conciliam o trabalho com outras atividades remuneratórias.
Segundo a pesquisa, os trabalhadores que prestam serviços aos aplicativos conseguem ganhos superiores à média observada em pessoas do mesmo nível educacional. Os dados também apontam uma alta variação no tamanho das jornadas de trabalho, mesmo com uma média consistente de dias e horas trabalhadas.
Publicidade“Em um momento em que governo, trabalhadores e empresas se preparam para discutir maneiras de regular o trabalho em plataformas, percebemos que há na sociedade um desconhecimento muito grande sobre esse tipo de atividade e esperamos contribuir para o debate com informações precisas e abrangentes”, destaca André Porto, diretor-executivo da Amobitec.
Apesar das reivindicações de melhores condições de trabalho e remuneração, 80% dos entregadores e 60% dos motoristas declararam ao Cebrap que pretendem continuar trabalhando com as plataformas.
Comandado por Luiz Marinho, o Ministério do Trabalho deseja constituir um grupo de trabalho, juntamente com empregados e empresários, para regulamentar a atividade dos trabalhadores que prestam serviço por aplicativos. A expectativa era de que o grupo fosse oficializado ainda em março, mas a Pasta ainda enfrenta dificuldades para fechar a composição. A regulamentação da atividade por aplicativos foi uma das promessas de campanha do presidente Lula (PT). A regulamentação também é objeto de discussão no Congresso Nacional.
Confira a íntegra da pesquisa: