O ex-presidente Jair Bolsonaro, indiciado pela Polícia Federal (PF) por tentativa de golpe, concedeu uma entrevista ao portal UOL, nesta quarta-feira (27), na qual comentou o caso. Em resposta a colunista Raquel Landim, Bolsonaro afirmou ser vítima de perseguição política e falou sobre a possibilidade de pedir refúgio em alguma embaixada caso seja condenado à prisão.
“Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido, pode ir para lá”, disse.
No início deste ano, o ex-presidente buscou abrigo na embaixada da Hungria após ter o passaporte confiscado pela PF. Ele permaneceu na embaixada de 12 a 14 de fevereiro, temendo as investigações sobre sua possível participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023.
Durante a entrevista ao UOL, Bolsonaro negou participação no plano de assassinar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
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“Se eu devesse alguma coisa, estaria nos Estados Unidos, não teria voltado”, declarou o ex-presidente.
No entanto, ele admite que conversou com militares sobre o processo eleitoral e “artigos da Constituição”, logo depois do resultado das eleições de 2022.
“Discutir um dos artigos da Constituição é algum crime? Foi levada avante alguma dessas possíveis propostas? O comandante do Exército falou sobre isso. Foi discutida a hipótese de GLO, de 142, de estado de sítio, estado de defesa. Qual é o problema de discutir isso aí?”, questionou Bolsonaro.
Apesar dos questionamentos, o ex-presidente respondeu que a discussão com os comandantes das Forças Armadas foi “abandonada”.
Em relação ao plano se assassinar o ministro Alexandre de Moraes, Bolsonaro garantiu que seria inviável executar ideia. Ele também colocou em xeque as provas obtidas pela PF.
“Para mim, é uma grande estória. A PF faz aquilo que o senhor ministro [Alexandre de Moraes] assim deseja. Basta você ter conhecimento dos áudios do Airton Viera [juiz instrutor de Moraes] para o Tagliaferro [Eduardo Tagliaferro, funcionário do TSE]: “Tenha criatividade”. [expressão usada por Airton para Tagliaferro ao pedir investigação contra uma revista]. Aí o que fazem são suposições”.
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