No depoimento que deu à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (14), o ex-ministro de Minas e Energia afirmou que não sabia qual era o conteúdo dos estojos que recebeu como presentes do governo da Arábia Saudita, e que ficou surpreso quando descobriu, após o flagra da Receita Federal, que se tratavam de joias avaliadas em quase R$ 17 milhões.
Bento Albuquerque foi o portador de dois conjuntos de joias fabricadas pela joalheria suíça Chopard. Um conjunto de joias masculinas, avaliado em R$ 400 mil, acabou passando pela Receita e está com o ex-presidente Jair Bolsonaro. Um outro conjunto, feminino, que tinha como destinatária a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, foi retido pela alfândega e está guardado pela Receita no Aeroporto de Guarulhos. Cravejado de diamantes, o conjunto é avaliado em R$ 16,5 milhões.
Bento Albuquerque depôs por videoconferência por cerca de uma hora e meia. Afirmou que não conversou antes com Bolsonaro a respeito dos presentes. E disse que não tinha conhecimento do conteúdo.
Quando foi flagrado pela Receita, porém, Bento Albuquerque dissera que as joias retidas destinavam-se a Michelle Bolsonaro. No depoimento à PF agora, ele afirma que isso foi uma “suposição” que fez, quando viu que o conteúdo do estojo eram joias femininas.
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Contradição
O depoimento de Bento Albuquerque, porém, encerra uma contradição com relação ao que vem sendo dito por pessoas próximas a Jair Bolsonaro. À PF, o ex-ministro disse que recebera as joias do governo saudita como um presente ao Estado brasileiro. E que ele tentou desembaraçar o presente retido justamente com esse propósito, incorporá-las ao patrimônio do Estado.