Nesta quinta-feira (29) a CPI dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, que funciona na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), ouviu o depoimento de Alan Diego dos Santos, co-autor da tentativa de atentado à bomba no aeroporto de Brasília em dezembro de 2022. Preso desde janeiro, ele tentou barganhar a sua liberdade em meio aos questionamentos do deputado distrital Chico Vigilante (PT), presidente da comissão.
A tentativa de barganha se deu após Chico Vigilante reclamar do fato de ele ter tentado manter o silêncio sobre um ato que poderia resultar na morte de milhares de pessoas na capital. “O senhor não me conhece, você não sabe qual o motivo de eu estar em Brasília, o senhor não sabe se eu participo de alguma inteligência, o senhor não sabe o que aconteceu. (…) Tem coisas que eu não posso falar aqui, até porque vocês estão filmando e eu não posso correr perigo, e nem minha família por causa de vocês”, respondeu.
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O presidente lhe ofereceu a possibilidade de fazer o depoimento de forma reservada, somente na presença dos deputados e delegados, para contar tudo o que sabia sobre o atentado. “Se me der as garantias, sim. [Garantia] de liberdade, né? Porque eu consigo provar a minha inocência. Por isso eu não vou falar aqui”, garantiu o depoente.
Alan dos Santos foi o encarregado, durante a tentativa de atentado, de carregar o artefato explosivo até um caminhão de combustível estacionado próximo ao aeroporto. Após Vigilante negar a liberdade barganhada, seguiu para os questionamento a respeito do atentado, dos quais o autor procurou constantemente se esquivar do assunto nas respostas ou optar pelo silêncio.
A partir de certo ponto, o presidente se irritou com Alan. “Toda vez que o senhor fala com o advogado, o senhor fica aqui com ar de deboche. É isso que nos irrita. O senhor está debochando da sociedade brasileira e do parlamento. Por isso vocês foram tratados da forma como foram tratados no parlamento federal”, exclamou.
Em suas respostas, Alan dos Santos disse ter viajado até Brasília em uma das caravanas organizadas para o acampamento bolsonarista no quartel-general do Exército. Sua intenção, porém, ele diz que foi para fazer turismo na capital, e não por motivação política. Perguntado sobre a motivação do atentado, ele disse que foi ameaçado por membros do acampamento, mas se recusou a oferecer qualquer detalhe sobre a ameaça, mesmo depois de informado pela CPI que o colegiado tinha poder de polícia e poderia oferecer apoio.
PublicidadeApesar de negar fazer parte do movimento de extrema-direita que levantou o acampamento, Alan foi filmado participando da noite de vandalismo no centro de Brasília dia 12 de dezembro, e confirmou à CPI ter sido ele nas gravações. Também afirmou ter acreditado na época na possibilidade de fraude nas eleições. Ele também utilizou suas redes sociais para divulgar ações do grupo.