O Brasil avançou nas últimas duas décadas. Mas estamos a léguas de distância do país que deveríamos legar às futuras gerações. Oportunidades estão sendo jogadas fora. A desindustrialização e a perda de competitividade da economia ameaçam. Há uma revolução educacional por fazer. Um choque de inovação e criatividade se faz necessário. Há uma agenda de reformas estruturais negligenciada.
Condições políticas existem diante do olhar de um observador desatento. Temos uma presidente com popularidade nas alturas. A maioria governista é esmagadora como nunca no Congresso Nacional.
Nas últimas semanas, em Brasília, começou a crescer uma percepção clara do desgoverno que impera. O modelo do presidencialismo imperial de cooptação se revela disfuncional. O estilo da ação presidencial de Dilma não agrega, não cativa, não convence. O descontentamento silencioso de sua base murmura pelos cantos. Os argumentos são substituídos por gestos irritados e manifestações autoritárias. As bolas divididas necessárias são trocadas pela obsessão por popularidade nas pesquisas. O marketing substitui a política.
Lincoln certa vez disse: “Pode-se enganar a todos por algum tempo. Pode-se enganar alguns por todo o tempo. Mas não se pode enganar a todos todo o tempo”. A fragilidade e a ausência de sentido estratégico do governo Dilma se revelam a cada dia. A falta de disposição reformadora vem à luz do dia.
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Foi isto que se viu na votação do Código Florestal, na morte da reforma política, na fratura da Federação nas votações dos royalties do petróleo e na reforma do ICMS, nos conflitos institucionais entre os Poderes, na multiplicação de ministérios, na modernização dos portos.
Não basta cooptar. A máscara caiu. De que vale uma presidente ausente e autoritária e uma base política inoperante? Não há bússola, não há comando claro, não há articulação política. A base é paquidérmica por seu tamanho e pela falta de agilidade. Assemelha-se a um serpentário nas lutas intestinas, nos boatos de bastidor e nas acusações mútuas sobre “tenebrosas transações”. E parece uma nau sem rumo pela falta de ousadia.
Presidência da República não é lugar para só gerenciar, e mau, a máquina governamental agigantada e confusa. Presidência é lugar para estadista, que faça o que é preciso ser feito, que encare conflitos, que faça o país avançar, mesmo que isto custe pontos nas pesquisas de opinião. Presidência é lugar para o líder político da Nação, produtor de consensos, articulador de soluções, construtor de pontes, agente da transformação e do futuro. Dilma não tem o perfil, a história e o jeito. É uma invenção de Lula.
Politicamente, estamos à deriva. Só nos resta concordar com o senador Aécio Neves, que, diante da melancólica fotografia de desgoverno a que assistimos em eventos recentes, lembrou a fala firme do oficial advertindo o comandante que abandonava o navio, naufragando no litoral da Itália: “Vada a bordo”, presidenta!
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