Aécio ainda não aceitou a derrota. Suas pesquisas particulares (de institutos inexpressivos, é verdade) cravavam vitória por larga margem. Segue com esperança de ainda ganhar em 2014, agora, aos 45 do terceiro turno. Como não contava em perder, reconta votos. Ou tenta recontar.
Da minha parte, faço votos de que perca uma vez mais na tal prorrogação. Sou mineiro e levianamente não votei nele, na esperança de que finalmente venha a assumir o mandato de senador conquistado há quatro anos e que, até o momento, parece não ter sido “inaugurado”.
Ainda há tempo: os 50 meses restantes são mais do que ele ficaria na Presidência da República. Isso, claro, se ele realmente fosse favorável ao fim da reeleição já para agora, e não apenas para 2022, como defendia em bastidores.
Faltou transparência ao nobre candidato nas jornadas de campanha. Não apenas nas propostas de futuro, mas no trato com os esqueletos do passado, os quais os tais retrovisores teimavam em mostrar quase que em alta definição. O defensor-mor da famigerada meritocracia encontrou vida fácil em antigas indicações que recebeu de parentes para ingresso no serviço público. O arauto da eficiência e da moralidade até hoje não explicou quanto de recurso público seus governos em Minas deixaram docemente migrar para as rádios da família, tampouco elucidou de maneira categórica o tal aeroporto em Cláudio. Passagens obscuras que, como muito se falou na internet, não o desconstruíram. Antes disso, revelaram-no para aqueles que não o conheciam.
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Mas Aécio sai das urnas bem maior do que entrou. A derrota eleitoral foi vitória política. Venceu parte do desconhecimento que lhe acometia principalmente na sobreloja da geografia brasileira. Que votou predominantemente em Dilma, mas que agora já ouviu falar de um tal mineiro-carioca Aécio Neves.
(Em tempo: Minas e Rio, que o conhecem melhor do que todos, impuseram-lhe emblemáticas e pedagógicas derrotas).
PublicidadeO maior obstáculo para o senador no futuro, contudo, é que seus adversários internos no PSDB em uma próxima corrida presidencial também conquistaram importantes êxitos ao fim de 2014, incluídos aí triunfos eleitorais: José Serra, seu novo colega de Senado, desbancou os 24 anos de Casa de Eduardo Suplicy. Geraldo Alckmin, por sua vez, com o perdão do trocadilho, só não fez chover na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.
É cedo para qualquer especulação sobre o próximo pleito. Ainda mais quando o atual derrotado e parte considerável do seu eleitorado teimam em não virar a página da disputa e clamam, por petição ao TSE ou aos amigos virtuais, o defenestrar de quem legitimamente conquistou a maioria de “CONFIRMAS” no último dia 26.
Estamos pelos acréscimos do juiz nessa partida, e a regra já foi mais clara em “Fla X Flus” eleitorais de outros tempos. Aqueles do retrovisor.
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