Partidos que integram a coligação encabeçada por Geraldo Alckmin (PSDB) discutem nos bastidores que posição tomar em um eventual segundo turno sem a presença do tucano. Integrantes do chamado centrão – bloco formado por DEM, PP, PRB, PR e Solidariedade – e do PTB veem como quase certo o fracasso de Alckmin no primeiro turno. O presidenciável, que ocupa quase metade do tempo do horário eleitoral, ainda patina nos 10% das intenções de voto, segundo as últimas pesquisas.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, se Bolsonaro for para o segundo turno, a tendência é que pelo menos o DEM e o PTB apoiem o capitão reformado do Exército. Há uma possibilidade de divisão no DEM, caso Ciro siga para a próxima etapa, ultrapassando o petista.
“Eu me recuso a discutir que o Brasil ficará condenado a um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad. Vamos com Geraldo até o fim e acreditamos na virada. Isso não é conversa fiada”, disse ao Estado o presidente do DEM, ACM Neto, prefeito de Salvador.
“Liberados”
Segundo o Estadão, a maior parte dos parlamentares e políticos de partidos aliados a Alckmin tem se empenhado pouco pelo tucano, que está estagnado nas pesquisas. Além disso, quem tenta a reeleição já recebeu repasses de dinheiro do fundo eleitoral e se sente “liberado” para cuidar da própria campanha.
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O PTB, do ex-deputado cassado Roberto Jefferson (RJ), tende a apoiar Bolsonaro em um eventual segundo turno. Candidato à reeleição, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) diz abertamente que a decisão de apoiar Alckmin foi equivocada. “O PPS cometeu um grande erro. Se lançasse o Raul Jungmann (ministro da Segurança), talvez pudesse ser uma alternativa”, afirmou ele. “Agora, vamos ter de optar entre a catástrofe e o desastre, entre o furacão Florence e o tufão Mangkhut.”
O próprio PSDB vê dificuldade para se posicionar. O partido tem utilizado boa parte do seu espaço no horário eleitoral para atacar Bolsonaro, mas é adversário histórico do PT. Os tucanos tendem a se sentir mais confortáveis adotando uma posição de neutralidade.
Lá e cá
O PR quase se coligou com Bolsonaro no primeiro turno. O senador Magno Malta (PR-ES) é um dos principais aliados do deputado fluminense e chegou a ser cogitado como vice. A legenda, porém, quase indicou o vice de Alckmin, o empresário Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar (PRB). O empresário, no entanto, recusou o convite por causa de sua proximidade com o PT. O presidente do partido, Valdemar Costa Neto, tem livre trânsito no PT desde 2002, quando as duas siglas se uniram em torno de Lula e José Alencar.
Embora tenha indicado a vice de Alckmin, a senadora Ana Amélia (RS), o PP está dividido já no primeiro turno. O presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PP-PI), faz campanha para o petista Fernando Haddad de olho na popularidade do PT no estado. Ele é candidato à reeleição. Uma ala da legenda, porém, já prega voto em Jair Bolsonaro (PP-RS).