Em convenção nacional, o PSDB confirmou neste sábado o lançamento da chapa presidencial encabeçada por Geraldo Alckmin (PSDB) e a senadora gaúcha Ana Amélia (PP). Esta é a segunda vez que Alckmin concorrerá à Presidência da República. Em 2006, ele chegou ao segundo turno, mas perdeu a disputa em segundo turno para o ex-presidente Lula, então reeleito.
No discurso sem novidades, com aproximadamente 20 minutos, Alckmin teceu as costumeiras críticas aos anos do PT na Presidência da República e se colocou como o candidato mais “equilibrado”, em crítica velada aos adversários Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL), conhecidos pelo temperamento por postura autoritária, respectivamente.
Alckmin disse aceitar ser o candidato tucano para “devolver” a dignidade ao país. “Sou candidato para buscar um mandato que pode ser resumido em uma frase: Vamos mudar o Brasil e devolver aos brasileiros a dignidade que lhes foi roubada”, disse. Na crítica aos governos petistas, o tucano disse que deseja mudar o país “e que o trabalho volte para milhões de pessoas” e “garantir a todos, especialmente aos mais humildes, condições dignas para progredir”.
Centrão
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Depois de enfatizar um discurso pela ética e pela moralidade na coisa pública durante os governos do PT, Alckmin está aliado agora a partidos que deram sustentação aos ex-presidentes Lula e Dilma e que foram cruciais para o impeachment da petista. Essas legendas, como o PR, o PTB e o PP, do chamado Centrão, estão no centro de escândalos políticos como o mensalão e o petrolão. Também ajudaram a eleger e a sustentar o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), preso em Curitiba pela Lava Jato. Alckmin diz que o Centrão vai mudar em seu governo porque ele terá “rigor ético”.
O agora candidato oficial do PSDB defendeu que o apoio dos partidos dará a seu eventual mandato os votos necessários para aprovar reformas. “Eu me candidato com a ampla maioria dos partidos para reformar a política e o estado e fazer o Brasil voltar a crescer”.
No palco estavam apenas os presidentes do DEM, ACM Neto, do PSD, Gilberto Kassab, e do PPS, Roberto Freire; mas os presidentes do PR e do PTB, Valdemar Costa Neto e Roberto Jefferson, respectivamente, foram saudados por Alckmin nominalmente em seu discurso. Alckmin chegou à convenção tucana logo após ir à convenção do PR.
Para endossar o ex-governador paulista em um palco abarrotado de correligionários – entre eles o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o afilhado político João Doria, que discursaram em elogios à postura serena e firme do colega.
A confirmação do ex-governador de São Paulo como candidato do PSDB foi anunciada pelo vice-presidente do partido, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, candidato ao Senado. A candidatura de Alckmin recebeu 288 votos favoráveis, um contrário e uma abstenção. Também foram aprovadas a coligação com oito partidos (DEM, PP, PR, PRB, PSD, PTB, PPS e Solidariedade) e a indicação da senadora gaúcha como vice.
Ao escolher Ana Amélia, Alckmin aposta na atração do numeroso eleitorado conservador da região Sul que, até agora, tem pendido para Bolsonaro e Alvaro Dias (Podemos). Tenta reforçar, ainda, o apoio do agronegócio e o caráter antipetista de sua campanha.
Governador de São Paulo por quatro mandatos, Alckmin deixou o Palácio dos Bandeirantes em abril com 36% de aprovação popular, segundo o Datafolha. Para 40%, sua última gestão foi regular. Outros 22% a avaliaram como péssima ou ruim. Ao renunciar ao mandato, perdeu o foro privilegiado e passou a ser investigado pela Justiça eleitoral de primeira instância devido a uma delação premiada de executivos da Odebrecht.
Alckmin é suspeito de ter recebido R$ 10,7 milhões em caixa dois do chamado departamento de propina da empreiteira. “Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política, nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito”, respondeu pelo Twitter após a divulgação do caso.
Nessa sexta-feira a força-tarefa da Lava Jato denunciou o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza e outros 32 investigados por cartel e fraude à licitação no Rodoanel Sul e sistema viário metropolitano da capital paulista.
O cartel, segundo a denúncia, operou entre 2004 e 2015, nos governos tucanos de Alckmin e José Serra. Apontado como operador do PSDB, Paulo Vieira é acusado de movimentar mais de R$ 100 milhões em contas ocultas na Suíça. Ele foi preso e solto duas vezes pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em junho o então presidente da Companhia Energética de São Paulo, Laurence Casagrande, que foi secretário de Transportes do tucano, foi preso acusado de desviar recursos no Rodoanel Trecho Norte, no âmbito da Lava Jato.
Confira o momento da aprovação da candidatura de Alckmin:
Quem é e o que pensa Ana Amélia, a vice de Alckmin