O candidato do PSDB na disputa eleitoral deste ano, Geraldo Alckmin, disse que ameaça do novo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de cortar verbas do governo para o jornal Folha de S.Paulo é um “acinte a toda imprensa” e substitui a liberdade de imprensa pelo “clientelismo de imprensa”.
O ex-governador de São Paulo, que ficou em quarto lugar no primeiro turno, se manifestou no Twitter após entrevista do presidente eleito ao Jornal Nacional, que disse que reduziria propaganda do governo para imprensa que “se comportar mentindo descaradamente”.
“Não quero que ela [Folha de S.Paulo] acabe, mas, no que depender de mim, na propaganda oficial do governo, imprensa que se comportar dessa maneira mentindo descaradamente não terá apoio do governo federal”, disse Bolsonaro.
O apresentador William Bonner pediu que ele confirmasse que “não quer que esse jornal se acabe”. “Por si só esse jornal se acabou, não tem prestígio mais nenhum. Quase todas as fake news que se voltaram contra mim partiram da Folha de S.Paulo”, disse o deputado.
Leia também
“Começou mal. A defesa da liberdade ficou no discurso de ontem”, escreveu Alckmin no Twitter depois da declaração.
“Os ataques feitos hoje pelo futuro presidente à Folha de S.Paulo representam um acinte a toda a Imprensa e a ameaça de cooptar veículos de comunicação pela oferta de dinheiro público é uma ofensa à moralidade e ao jornalismo nacional”, continuou o ex-candidato.
Alckmin disse ainda que a ameaça de Bolsonaro “é pretender substituir a liberdade de Imprensa pelo clientelismo de Imprensa”.
É pretender substituir a liberdade de Imprensa pelo clientelismo de Imprensa. Alguns fazem críticas aos seus críticos porque não conhecem seus próprios limites. O futuro Presidente vai ter de conviver e de respeitar todos e, em especial, os que a ele dirijam críticas.
— Geraldo Alckmin (@geraldoalckmin) 30 de outubro de 2018
No dia último dia 18, a Folha publicou uma matéria “Empresários bancam campanha contra o PT pelo WhatsApp”, em que denuncia que empresários ligados a Bolsonaro estariam contratando pacotes de disparo de mensagens contra o PT de maneira ilegal.
Depois da publicação da reportagem, o jornal foi atacado pelos seguidores do então candidato ao Planalto e a jornalista que assinou a matéria, Patrícia Campos Mello, recebeu ameaças. Por causa disso, o jornal entrou com uma representação no TSE para pedir que a Polícia Federal instaure inquérito para apurar ataques contra jornalistas.