Sylvio Costa
Registraram a candidatura para o cargo de governador, nestas eleições, um total de 168 pessoas. De acordo com as pesquisas eleitorais, apenas 61 delas (36%) apresentam índices de preferência que tornam crível a possibilidade de alcançarem a vitória.
PMDB e PSDB são os partidos com o maior número de candidatos a governador competitivos, 12 para cada um deles. O PT vem em terceiro lugar, com nove. Mas o quarto do ranking, o PSB, é o que emerge como uma das novidades mais interessantes do mapeamento feito pelo Congresso em Foco das preferências para a sucessão nos estados.
Se as tendências até agora detectadas nas pesquisas se confirmarem nas urnas, o PSB sairá das eleições maior do que vai entrar. Em 2006, após as duas rodadas da votação, elegeu três governadores. Em 2010, tem grandes chances de sair do primeiro turno com três governadores eleitos e até cinco candidatos qualificados para participar do segundo round eleitoral. O poder do partido se concentra, sobretudo, na região Nordeste, onde ele desponta como o maior beneficiário do espólio deixado pelo DEM, que em tempos idos nadava de braçada naquela região atendendo pelo nome de PFL.
Entre aqui para ver a distribuição dos principais candidatos a governador no país, por partido.
Quem pode levar no primeiro turno
O PSB tem, no total, oito candidatos fortes para os governos estaduais. Exatamente o dobro que o PDT e o DEM. A diferença é que três candidatos do PSB – os governadores Eduardo Campos (PE) e Cid Gomes (CE) e o senador Renato Casagrande (ES) – exibem nas pesquisas uma vantagem tão larga sobre os concorrentes que, se as eleições fossem hoje, provavelmente venceriam a parada no primeiro turno. O PDT não possui nenhum candidato em tal situação. O DEM, um. Ou melhor, uma. A senadora Rosalba Ciarlini (RN).
Nessa lista, a dos possíveis vitoriosos no primeiro turno (sempre de acordo com as mais recentes pesquisas disponíveis), o PSB está na dianteira, junto com o PMDB. Encontram-se nessa condição os peemedebistas Sérgio Cabral (RJ), Hélio Costa (MG) André Puccinelli (MS). Em segundo lugar, empatados, vêm PSDB e PT. Os tucanos, com Geraldo Alckmin (SP) e Siqueira Campos (TO). Os petistas, com Jaques Wagner (BA) e Tião Viana (AC).
Mais um nome pinta nas pesquisas como capaz de liquidar a fatura eleitoral na primeira rodada de votação, o ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC). Mas este, a menos que a Justiça resolva jogar no lixo a Lei da Ficha Limpa, será impedido de concorrer. Um dos objetivos da lei, afinal, é exatamente proibir a candidatura de quem tenha renunciado ao mandato eletivo para preservar os direitos políticos. Exatamente como Roriz fez em 2007, após se tornarem públicas gravações telefônicas e outras provas que o ligavam ao esquema de corrupção implantado no Banco de Brasília (BRB).
Veja como está a disputa pelos governos estaduais, estado por estado.
Polarização PT/PSDB suavizada
O mapeamento leva a outra constatação curiosa: se na disputa presidencial o grande confronto é entre o PSDB de José Serra e o PT de Dilma Roussef, no plano estadual os embates diretos entre os dois partidos são bem menos frequentes.
Tudo está relacionado com a estratégia de Lula de forçar o PT a abrir mão da cabeça-de-chapa, de modo a favorecer a composição regional com os aliados em torno da candidatura de Dilma. Por isso, o PT tem neste ano dez candidatos a governador, oito a menos do que teve em 2006. O resultado é que a polarização PSDB/PT – que se repete de novo na sucessão presidencial e está no centro das disputas políticas no país há quase duas décadas – não terá nas eleições para os governos estaduais deste ano o mesmo peso que teve no passado.
São cinco os estados (São Paulo, Rio Grande do Sul, Pará, Acre e Rondônia) nos quais candidatos a governador dos dois partidos se enfrentam. Mas em apenas três a disputa principal pelo governo se dará realmente entre tucanos e petistas.
Yeda Crusius (PSDB) deverá ser personagem coadjuvante em um palco no qual os protagonistas da eleição gaúcha tendem a ser os postulantes do PT (Tarso Genro) e do PMDB (José Fogaça). Em Rondônia, a prevalecer o texto da Lei da Ficha Limpa, o candidato tucano Expedito Jr. será excluído da disputa, já que foi condenado por órgão colegiado (pelo Tribunal Superior Eleitoral, por compra de votos), fator determinante de inelegibilidade segundo a nova legislação.
Base governista em conflito
Mais frequentes, e intensos, serão os embates PMDB/PSDB. Em cinco estados, os candidatos a governador dos dois partidos lideram as pesquisas e polarizam a disputa: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Roraima e Tocantins.
Há evidentes contradições, porém, dentro da coligação unida em torno de Dilma. Lula, é verdade, conseguiu enfiar goela abaixo do PT do Maranhão a aliança com a governadora Roseana Sarney (PMDB). Em Brasília, vê-se a chocante chapa PT/PMDB, botando no mesmo balaio políticos que eram adversários ferozes até ontem. Mas não deu para arrumar tudo.
Desse modo, partidos aliados de Lula e Dilma se enfrentam em dez estados. O PMDB toma parte em sete desses confrontos: quatro contra o PT (no Rio Grande do Sul, na Bahia, no Pará e no Mato Grosso do Sul); dois contra o PSB (Pernambuco e Paraíba); e um contra o PCdoB (Maranhão). Ressalte-se que, em pelo menos dois casos (PE e MS), os aliados de Lula e Dilma enfrentam peemedebistas empenhados em eleger Serra.
Os demais choques na base governista colocam em oposição, nas disputas estaduais, PSB e PR (Ceará), PR e PMN (Amazonas) e PSB e PDT (Rio Grande do Norte).
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