por Flávio Acatauassú*
Tema de extrema importância para quem trabalha e vive nas regiões Norte e Centro-Oeste do país, a Ferrogrão (EF-170) precisa ser conhecida e ter o seu valor reconhecido também pelo restante do país. Obra estruturante de grande valor para todo o Brasil, a Ferrogrão irá provocar redução substancial dos custos de logística de transporte ao ligar o município de Sinop, no Mato Grosso, aos Portos de Miritituba, no Pará, ao possibilitar uma maior vazão no escoamento de grãos.
Para se ter uma ideia do crescimento da movimentação de cargas neste trecho, no 1º semestre de 2023 já movimentamos 30% a mais que em 2022. E a tendência é que este número continue crescendo. Hoje, temos uma capacidade instalada de 58 milhões de toneladas e temos projeções de expansão de mais de 42 milhões de toneladas nos próximos 10 anos.
Nossas estações portuárias, no Arco Norte, possuem capacidade operacional para movimentar a elevada produção do agro brasileiro, no entanto, para que essas cargas cheguem aos portos é fundamental a implementação da Ferrogrão, pois somente a BR 163 não será mais capaz de movimentar toda essa carga sozinha. A via férrea, por sua vez, acompanhará o traçado da BR, fazendo a complementação dos modais rodoviário e ferroviário. Ela terá função fundamental para o escoamento da produção do agro, principalmente milho, soja, algodão, açúcar e etanol, bem como para a movimentação de combustíveis, fertilizantes e produtos manufaturados na Zona Franca de Manaus, dentre outros produtos.
Leia também
A Ferrogrão possibilitará esse transporte com custos competitivos, promovendo geração de impostos, empregos para a população local e consequente elevação da qualidade de vida e do IDH da região do Arco Amazônico.
É importante lembrar que tivemos neste ano alguns importantes avanços para que a Ferrogrão saia do papel. O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes autorizou a retomada da análise dos estudos e processos administrativos relacionados à implementação da ferrovia.
PublicidadeAlém disso, temos visto com bons olhos o avanço dos debates sobre a importância da implementação da Ferrogrão. No mês de agosto, estive representando a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (AMPORT) em audiência pública no Senado Federal. Na ocasião, ouvimos tanto representantes de iniciativas privadas como órgãos do poder público sobre a importância da construção e plena finalização da via férrea, tanto que a obra está entre os investimentos previstos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) até 2026.
É preciso avançar. O país não pode mais prescindir de uma obra estruturante deste porte, que trará inúmeros benefícios não só para a região, como para toda a economia do país. Defendemos que todos os estudos sejam finalizados e tenham os seus resultados respeitados, mas é fundamental que o processo de concessão da Ferrogrão prossiga. Os modais rodoviário e hidroviário do país precisam da união com o complemento de uma via férrea para que a região possa crescer, se desenvolver e promover o escoamento dos mais diversos tipos de produtos com qualidade e eficiência.
* Flávio Acatauassú é presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (AMPORT)
O texto acima expressa a visão de quem o assina, não necessariamente do Congresso em Foco. Se você quer publicar algo sobre o mesmo tema, mas com um diferente ponto de vista, envie sua sugestão de texto para redacao@congressoemfoco.com.br.