Um dos destaques de domingo passado foi a chamada “onda amarela” que tomou conta das seções eleitorais em todo o país.
Com o auxílio das redes sociais, milhares de eleitores combinaram o comparecimento às urnas vestindo uma camiseta amarela, nem que fosse a da seleção brasileira de futebol. Rapidamente a mídia chamou a iniciativa de “onda anti-Dilma”, mas é importante uma visão menos maniqueísta neste momento.
Tradicionalmente, o amarelo ou o branco têm sido usados pela sociedade em suas manifestações, pois não remetem a um grupo político em especial, e sim às cores da nossa bandeira. Seu uso fora do ambiente esportivo, ou do “grito das ruas” das jornadas de junho do ano passado, mostra um certo amadurecimento político dos cidadãos, um ato cívico a favor do Brasil e não contra este ou aquele grupo partidário específico.
Um “grito” político contra um sistema que permite a profusão de desvios, desmandos e descalabros como o que estamos assistindo nos Correios e fundos de pensão de estatais. Ou mesmo as recorrentes inferências políticas sobre instituições de Estado vitais para a República, como a Advocacia-Geral da União, o Tribunal de Contas da União, agências reguladoras e mesmo autarquias e fundações públicas.
Leia também
Um manifesto inequívoco de que o país está acima do azul ou do vermelho, e que a sociedade não está disposta a desistir do Brasil, como queria o finado Eduardo Campos numa de suas últimas declarações.
Pois agora é a hora dos verdadeiros cidadãos que compõem a aristocracia da alta cultura, formada pelos melhores de nós e que não são necessariamente os mais ricos. Temos o dever de cidadania de “sair do armário”, como tantos outros grupos de minorias. Precisamos enfrentar a mediocridade do pensamento político atual e encarar nossa responsabilidade de construção política como plenos agentes de cidadania. E isso se faz com participação política, com propostas cidadãs de políticas públicas e principalmente com a disposição permanente de fiscalizar e cobrar desempenho e transparência dos cidadãos eleitos.
Só para finalizar, historiadores contam que, na verdade, o amarelo-ouro da nossa bandeira nacional representa a cor da casa austríaca dos Habsburgo, de onde vem a esposa de D. Pedro I, a imperatriz Leopoldina, filha do imperador austríaco Francisco II. Assim como o verde é a cor da casa portuguesa dos Bragança, origem do imperador D. Pedro I.
Vale a reflexão sobre o que você aí em casa pode fazer para também dar o seu apoio a essa onda de cidadania política que o Brasil precisa.