Levantamento do Programa Voto com Orgulho, da Aliança Nacional LGBTI+, apontou que 20 candidatos da comunidade LGBT foram eleitos no último dia 2 de outubro. A aliança monitorou o processo eleitoral deste ano e levantou 356 candidaturas LGBTI+; dessas, 233 (65%) acabaram como suplentes.
Foram eleitos 13 deputados estaduais, um deputado distrital, cinco deputados federais e uma governadora. Dos eleitos, seis são lésbicas; cinco mulheres bissexuais; quatro mulheres trans; dois gays; um homem bissexual e duas candidaturas sem registro quanto à identidade de gênero ou orientação sexual.
No Rio Grande do Norte, a governadora Fátima Bezerra (PT), reeleita no primeiro turno, foi a única pessoa da comunidade LGBT eleita para o governo estadual. A governadora sempre foi abertamente lésbica e já afirmou que em sua “vida pública ou privada nunca existiram armários”.
Pela primeira vez, a Câmara dos Deputados terá duas deputadas trans. Duda Salabert (PDT-MG) e Erika Hilton (Psol-SP) serão a primeira bancada trans na história da Casa legislativa. Também foram eleitas para as assembleias estaduais as candidatas trans Dani Balbi (PCdoB-RJ) e Linda Brasil (Psol-SE).
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Pelos próximos quatro anos, a Câmara dos Deputados também terá a presença de Clodoaldo Magalhães (PV-PE), gay; Daiana Santos (PCdoB-RS), lésbica; e Dandara (PT-MG), bissexual. No entanto, nomes consolidados como os dos deputados federais Professor Israel Batista (PSB-DF) e David Miranda (PDT-RJ), ambos assumidamente gays, não estarão na Casa na próxima legislatura. Israel não obteve votos os suficientes para se reeleger, enquanto David está internado por conta de um problema de saúde e teve a candidatura retirada pela família.
Nas assembleias legislativas, outras vitórias para a comunidade LGBT. Reeleito para um segundo mandato, o deputado distrital gay Fábio Felix (Psol) foi o mais votado no Distrito Federal, com mais de 51 mil votos. É a votação mais expressiva que um deputado distrital já alcançou na história.
PublicidadeSão Paulo foi o estado com mais candidatos LGBTs eleitos, somando seis candidaturas. Além de dois mandatos coletivos LGBTI+ do Psol, foram eleitos Leci Brandão (PCdoB), lésbica; Thainara Faria (PT) e Ediane Maria do Nascimento (Psol), mulheres bissexuais; e Guilherme Cortez (Psol), homem bissexual.
Além de defender as pautas LGBTs, Guilherme Cortez é também é defensor do meio ambiente. Cortex ganhou destaque ao confrontar o ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante um ato de campanha na cidade de Franca (SP), chamando o ex-ministro de “ecocida” e afirmando que ele promoveu um desmonte na legislação ambiental do país.
“Essa é uma bandeira muito cara para mim, essa geração tem o seu futuro tolhido por conta de atitudes contra o meio ambiente. Se nada for feito para reverter isso, a gente vai ter graves consequências no futuro. Isso é uma urgência para toda a população”, afirmou Guilherme ao Congresso em Foco.
Também foram eleitos para as assembleias legislativas Bella Gonçalves (Psol-MG), lésbica; Dani Monteiro (Psol-RJ), bissexual; Dra. Michelle Melo (PDT-AC), bissexual; Rosa Amoria (PT-PE), lésbica; e Verônica Lima (PT-RJ), lésbica.
A maioria dos eleitos são do Psol, com nove candidaturas; seguido pelo PT, com cinco eleitos.
“A votação de domingo trouxe um fato novo muito importante, que foi de eleger, pela primeira vez, pessoas trans para deputada federal num país que mais mata pessoas trans no mundo e o aumento da eleição de pessoas LGBTI+, com destaque para as mulheres lésbicas, bissexuais e trans para o legislativo estadual possibilitando maior representação nesses espaços”, afirmou Cláudio Nascimento, diretor de políticas públicas da Aliança Nacional LGBTI+ e integrante da equipe do Programa Voto com Orgulho.
Nascimento ressaltou que o número de candidatos LGBTI+ eleitos ainda é desproporcional em relação ao de candidaturas e que ainda há um grande caminho para se percorrer. “Temos uma grande dificuldade em obter apoio, recursos e tratamentos adequados dentro dos partidos políticos o que retrai a capacidade de representação política das agendas por direitos de nossa comunidade”, destacou.
Para o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Reis, é preciso que os partidos valorizem e apoiem as candidaturas de membros da comunidade LGBT, que ainda sofrem com o preconceito por parte da sociedade.
“É fundamental ter uma cota de recursos e tempo de televisão para que essa representação política LGBTI+ seja maior no processo eleitoral e nos partidos políticos. Trabalharemos com as pessoas eleitas para que construamos estratégias de visibilidade e organização política para que nos próximos pleitos tenhamos uma maior representação”, destacou.