A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, classificou a onda de ataque feita por políticos de extrema direita e usuários de redes sociais contra a boxeadora argelina Imane Khelif como “discriminador, violento e agressivo”. A declaração foi dada durante um café da manhã com jornalistas mulheres nesta sexta-feira (2), em Brasília, do qual o Congresso em Foco participou como convidado.
A atleta foi alvo de ofensas nas redes sociais depois de vencer uma luta das oitavas de final do boxe até 66 kg, nas Olimpíadas de Paris. A vitória de Khelif sobre a italiana Angela Carini se deu após a atleta europeia desistir da luta aos 46 segundos. O resultado levou internautas a questionarem o gênero da argelina com base em um teste da Associação Internacional de Boxe (IBA, na sigla em inglês).
Em 2023, a associação desclassificou Khelif após um suposto exame identificar que ela possui altos níveis de testosterona. Nas redes sociais, pessoas afirmaram que a boxeadora seria uma mulher transgênero. Informação que foi desmentida pelo porta-voz do Comitê Olímpico Internacional (COI), Mark Adams.
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“Houve alguns relatos errôneos sobre isso. E acho que é muito, muito importante dizer que isso não é uma questão sobre transgêneros”, afirmou Adams.
Parlamentares questionam gênero de Khelif
O questionamento sobre o gênero de Khelif tem sido usado em discussões políticas. No Brasil, alguns parlamentares reforçaram os ataques à pugilista. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), os senadores Eduardo Girão (Novo-CE) e Sérgio Moro (União- PR) classificaram Khelif como “homem biológico”.
Personalidades internacionais como o presidente da Argentina, Javier Milei, e o ex-presidente dos EUA e candidato à Casa Branca, Donald Trump, também compartilharam informações falsas sobre a identidade de gênero de Khelif.
PublicidadeImane Khelif é uma mulher cisgênero, intersexo, ou seja, possui características hormonais dos gêneros feminino e masculino. A pugilista compete desde 2016. Participou das Olimpíadas de Tokyo (2020) e cumpriu as exigências do COI para competir nos jogos de Paris.
Para Cida Gonçalves, além da questão de gênero, a atleta também é vítima de discriminação pela origem africana.
A ministra ressaltou que lida diariamente com questionamentos de entidades que cobram ao Ministério uma definição do que é ser mulher.
“O debate do Ministério das Mulheres não é o de ser mulher. É quais as políticas que nós vamos experimentar para as mulheres”, declarou. No encontro com as jornalistas, Cida apresentou as políticas do governo para o combate à violência contra mulheres e promoção da equidade de gênero.
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