O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que a promessa de constituir um fundo de US$100 bilhões até 2020 para reduzir as emissões de carbono de países em desenvolvimento é insuficiente para transformar a realidade global. O ministro falou sobre o tema em Glasgow, na Escócia, que sedia a Cúpula das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas de 2021 (COP26). “Falta muito mais do que isso. Esse valor a gente entende que vai transformar alguns territórios mas não todos. E como é uma conferência global, temos o desafio de fazer todos os territórios transformarem suas economias em economias neutras em emissões”, declarou.
O tema da criação de um fundo mundial para que nações possam cooperar entre si com o financiamento de obras e políticas públicas de combate ao efeito estufa é um dos pontos debatidos entre os países que participam da reunião. O acordo, estabelecido pelo Acordo de Paris em 2015, com promessa de se atingir um fundo de US$100 bilhões até 2020, já está com uma previsão de três a quatro anos de atraso para que o fundo esteja plenamente disponível. O ministro, que participa das negociações, considera preocupante o atraso, e insuficiente o valor para o objetivo proposto.
Para Joaquim, os recursos “não deveriam ser prometidos para 2024, 2025. Deveriam estar hoje disponíveis uma vez que já foram acordados alguns anos atrás e deveriam estar transformando a nossa economia em uma economia neutra em emissões”, declarou.
Outro ponto que o ministério procura reforçar nas negociações é a prioridade de acesso para países menos desenvolvidos. Joaquim Leite está pessimista quanto ao alcance da meta, e afirma não esperar que se consiga evitar o atraso da entrega dos valores por parte dos países que compõem o Acordo de Paris. Além disso, considera que o próprio valor de US$100 bilhões não basta para que se consiga atingir a meta mundial de neutralidade de carbono.
O conteúdo deste texto foi publicado antes no Congresso em Foco Insider, serviço exclusivo de informações sobre política e economia do Congresso em Foco. Para assinar, entre em contato com comercial@congressoemfoco.com.br.
Mercado de carbono
PublicidadeDurante a coletiva de imprensa sobre as negociações, Joaquim Leite comentou sobre o andamento de um acordo mundial para regulamentar o mercado de carbono. “Se tudo der certo, a gente consegue encerrar a negociação ainda hoje, talvez amanhã [sábado 13 de novembro]. (…) Vários países tem todo o interesse que o mercado de carbono surja e remunere quem protege florestas nativas ao redor do mundo”, relatou.
O ministro considera o mercado de carbono como uma das pautas de maior importância para a atuação do Brasil na COP26, principalmente por conta e seu potencial econômico. “O Brasil é um país exportador, por isso há todo esse interesse do governo brasileiro em criar esse mercado global. O Brasil provavelmente vai ser um dos exportadores, e as florestas serão protegidas também pela atividade de conservar o carbono que elas representam”, explicou.
> COP26 e os desafios de convergir negócios e responsabilidade social