O Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (22), por 47 votos favoráveis a 3 contrários, a indicação do diplomata Nestor José Forster Junior para comandar a embaixada brasileira nos Estados Unidos. Apesar de a confirmação ainda estar pendente, Forster já exercia informalmente as funções de embaixador, pois em meados de 2019 ele havia assumido interinamente como encarregado de negócios da embaixada do Brasil em Washington.
O diplomata foi sabatinado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) em fevereiro deste ano, mas seu nome ainda precisava ser votado pelo Plenário, que não se reunia presencialmente desde março. As indicações de autoridades são votadas de forma secreta, formato inviável através do sistema de deliberação remota (SDR).
Na sabatina realizada no início do ano, Forster tratou da cooperação com os Estados Unidos na área militar e de defesa, uma vez que o Brasil ganhou o título de aliado preferencial extra-Otan. Ao tratar da Amazônia, o diplomata afirmou que a área é de “interesse comum” aos dois países.
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“Nosso trabalho é esclarecer certos exageros, desfazer a fumaça. Mostrar que o governo brasileiro continua comprometido com o desenvolvimento sustentável, mas existem duas pernas, uma delas é a sustentabilidade e o meio ambiente, mas há também o desenvolvimento econômico”, afirmou aos senadores à época.
Presidente pretendia indicar o filho
A vaga estava aberta desde que Sergio Silva do Amaral, indicado pelo ex-presidente Michel Temer, deixou a capital norte-americana, Washington D.C., em junho de 2019. Um mês depois, quando Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) completou 35 anos, idade mínima para assumir a chefia de uma missão diplomática permanente, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que pretendia indicá-lo para o cargo.
A possível nomeação provocou reações instantâneas de políticos e diplomatas. Um parecer do Senado, responsável por analisar as indicações para esses cargos, considerou que haveria nepotismo na indicação de Eduardo para embaixador. O deputado teria que renunciar o mandato para assumir o posto.
Mesmo assim, os dois seguiram com a ideia, que só saiu do mapa em 22 de outubro, quando o deputado anunciou em plenário que desistiu do cargo. Eduardo declarou que a decisão não veio por medo de uma provável derrota no Senado, mas por levar em consideração o eleitorado que não apoiava a nomeação.
Após a desistência de Eduardo, o nome de Forster ganhou força. Pouco mais de um mês depois, em 26 de novembro, as expectativas foram confirmadas, com a indicação ao Senado do diplomata de carreira para o posto.
Formado em História e Letras Clássicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Forster tem 57 anos e está na carreira diplomática desde 1985. O diplomata serviu nas embaixadas do Brasil em Washington, Ottawa e São José (Costa Rica) e nos consulados-gerais do Brasil em Hartford e em Nova York.
No Brasil, Forster foi assessor da Casa Civil da Presidência da República e chefe de gabinete da Advocacia-Geral da União (AGU). Segundo o jornal O Globo, o diplomata mantém amizade com um dos “gurus” do bolsonarismo, Olavo de Carvalho, o que o cacifou para a indicação.
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