O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato (PP-SP), defende a demissão do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em nome das boas relações entre os dois países. Pinato, que enviou ofício ao presidente chinês, Xi Jinping, pedindo auxílio na liberação da exportação de insumos da China para a produção de vacina no Brasil, disse ao Congresso em Foco Premium que as autoridades brasileiras precisam dar um “passo atrás” para evitar que disputas políticas e ideológicas impeçam as negociações entre os países.
O recado, segundo ele, vale para Ernesto, mas também para o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, que travam uma disputa em torno da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Leia também
“Não é retaliação da China. Só gente burra vai brigar com a China, os EUA e a Índia. Como ficamos na política do negacionismo, da gripezinha, da ala olavista, estamos agora lá atrás. Fica, ainda, a vaidade entre Doria e Bolsonaro. Os dois merecem cartão amarelo”, disse o deputado que preside a frente parlamentar composta por cerca de 240 integrantes.
“As declarações do Eduardo Bolsonaro sobre a China têm um peso maior por ele ser filho do presidente da República. Mas ele é um deputado. O mais assustador é o ministro das Relações Exteriores, que é porta-voz do país lá fora, dizer o que diz. Somos mal ouvidos hoje na Europa, na China, nos Estados Unidos, na América Latina, na Índia. Há um desespero. É um diplomata de carreira, mas sem preparo”, considera Pinato.
Para o deputado, a posse de Joe Biden nos Estados Unidos e a crise aberta pela dificuldade de importação de insumos da China e da Índia para a vacina representam boa oportunidade para o presidente se desfazer, de uma só vez, de Ernesto Araújo e Eduardo Pazuello.
“Bolsonaro está com a faca e o queijo na mão para trocar o ministro das Relações Exteriores e o da Saúde. Os dois merecem nota zero”, afirmou.
PublicidadeEm audiência informal com deputados, Ernesto Araújo negou, nesta quarta-feira, que problemas políticos tenham atrasado as negociações do Brasil com Índia e China na importação de matéria-prima desses países para a produção de vacina.
“Nós não identificamos nenhum problema de natureza política em relação ao fornecimento desses insumos provenientes da China”, afirmou. “Nem nós do Itamaraty, aqui de Brasília, nem a nossa embaixada em Pequim, nem outras áreas do governo identificaram problemas de natureza política, diplomática”, acrescentou. Segundo ele, o atraso se deve à grande demanda por esses insumos.