O Congresso dos Estados Unidos decidiu nesta sexta-feira (1º) pela cassação do deputado republicano George Santos, de Nova York. Filho de imigrantes brasileiros, Santos é apenas o sexto membro do Congresso a ter o mandato cassado – o primeiro republicano. Ele é acusado de usar verba de campanha para despesas pessoais, como assinatura do site de venda de conteúdos adultos OnlyFans. Além disso, enfrenta no total 23 acusações criminais, entre elas solicitar doações para um fundo político falso, usado para gastos com marcas de grife.
No mês passado, durante o feriado da Proclamação da República (15), uma comitiva de parlamentares bolsonaristas visitou Santos. Desde quando assumiu o mandato, ele é acusado de ter cometido fraudes em seu currículo. Um dia após a reunião, o Comitê de Ética da Câmara dos Estados Unidos divulgou relatório com evidências substanciais das acusações, que culminou na cassação.
No grupo estavam os senadores Eduardo Girão (Novo-CE), Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES) e os deputados Alexandre Ramagem (PL-RJ), Altineu Cortes (PL-RJ), Capitão Alberto Neto (PL-AM), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Gustavo Gayer (PL-GO) e Julia Zanatta (PL-SC).
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Segundo Eduardo Bolsonaro, o objetivo da viagem era mostrar a “realidade” do que vem acontecendo no Brasil em termos de “censura, liberdade de expressão e de imprensa”. O contato de Santos com o bolsonarismo, no entanto, não é novo. O deputado manifestou apoio a Jair Bolsonaro antes mesmo das eleições e já postou foto com a deputada Carla Zambelli (PL-SP).
A votação para George Santos ser cassado teve placar de 311 votos a favor e 114 contrários. O mínimo necessário para aprovação era maioria absoluta de dois terços. Dos 311 votos pela cassação, 105 foram de republicanos, deputados do mesmo partido de Santos.
Trajetória e acusações
Eleito em 2022, George Santos se notabilizou por ser o primeiro deputado republicano abertamente gay. Apesar disso, o congressista não era defensor dos direitos LGBTQIA+ na Casa. Antes, em 2020, ele havia concorrido à Câmara, mas perdeu para o democrata Thomas Suozzi, que à época já era o deputado do distrito. Resultado que ele contestou com alegações de fraude, assim como Trump quando Biden foi eleito presidente dos EUA.
Antes mesmo de ter sido eleito, o deputado acumulou acusações. Ele admitiu ter usado cheques roubados, em 2008, para comprar roupas e sapatos. Pode ter sido a primeira vez que usou dinheiro dos outros para gastos pessoais, mas não a última. Com recursos de campanha, bancou luxos e despesas pessoais, US$ 6 mil na grife Ferragamo, US$ 3 mil em botox, e “compras menores” no site de venda de conteúdos adultos OnlyFans e na loja de maquiagem Sephora.
Além das fraudes e desvio de recursos apontados pelo relatório do Comitê de Ética da Câmara, George Santos ficou marcado por falsas alegações biográficas. O jornal The New York Times publicou em dezembro de 2022 que o deputado deturpou informações sobre a família e o currículo. As alegações de que os avós eram sobreviventes do Holocausto era falsa, quando na verdade eles nasceram no Brasil, assim como relatos sobre a experiência universitária, que eram, no mínimo, exagerados.
Em relação às recentes acusações, Santos se declara inocente, e o julgamento está marcado para setembro de 2024. Dias antes de ser cassado, o deputado já havia declarado que não se candidataria à reeleição no ano que vem. “Eles me querem fora deste corpo. O povo do 3º Distrito de Nova York me enviou para cá. Se eles me querem fora, têm que silenciar essas pessoas.”, disse no plenário sobre a cassação. Pesquisas de opinião pública, no entanto, mostram que ele não teria qualquer chance de se reeleger e que a maioria dos eleitores de sua região queriam vê-lo expulso do Congresso.