Dia desses meditava sobre a África. Trata-se de um continente riquíssimo: abriga as maiores reservas mundiais de bauxita, cromo, manganês, platina e zircônio. Seu solo contém 57% das reservas conhecidas de diamante do planeta, 48% das de cromo e 19% das de ouro e urânio.
Paradoxalmente, no entanto, esse solo tão rico abriga um povo miserável! De acordo com o Banco Mundial, 67% dos africanos – 670 milhões de pessoas – vivem (eu disse vivem?) com no máximo US$ 3,10 por dia.
Como isso é possível? Haveria alguma explicação lógica? Decidi, então, pesquisar algo a respeito.
Descobri, para início de conversa, que a África ganha, anualmente, US$ 19 bilhões em ajuda externa. Porém, os mesmos países que nos encantam com tanta generosidade recebem US$ 68 bilhões por meio de fraudes fiscais praticadas por suas empresas lá instaladas – o equivalente a 6,1% do PIB de todo o continente. Acentuo: essa rubrica se refere apenas a fraudes fiscais e evasão de divisas.
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Adicione a essa conta US$ 26,6 bilhões em função dos prejuízos econômicos decorrentes de mudanças climáticas – e não são os africanos, claramente, responsáveis por mais essa praga. Em seguida, acrescente outros US$ 6 bilhões – é quanto o continente perde em função da emigração do melhor de sua força de trabalho, física e intelectualmente considerada.
Acentuo que apenas estamos falando de rubricas absolutamente simples e fáceis de visualizar, relativas às mais puras e refinadas ganância e opressão por parte de alguns poucos conglomerados. E apenas elas já seriam mais do que suficientes para a eliminação da miséria de todo aquele povo.
Pois é. Eis aí a realidade da África. Proponho, agora, um exercício: pesquise esses mesmos indicadores, porém substituindo a África pela América Latina ou pelo Brasil. Qual verdade terrível será encontrada?