Com discurso moderado, excelente performance nos debates e um fluxo de caixa de campanha estável e crescente, a única mulher presente na corrida pela indicação as primárias do Partido Republicano (embora ainda bem distante de Trump), ex-governadora de Carolina do Sul e ex-embaixadora americana na ONU, Nikki Haley, tem se destacado nas pesquisas sobre o governador da Flórida, Ron de Santis, segundo colocado nas pesquisas nacionais, e se fortalecido como uma possível alternativa a Donald Trump.
Economia
Um trunfo na campanha de Haley tem sido seu posicionamento reformista na economia, citando a dívida interna americana, na ordem de US$ 34 trilhões, a pré-candidata à presidência defende reformas no sistema de seguro social americano (como o aumento da idade mínima de aposentadoria), bem como aumento nas limitações de acesso ao sistema de saúde (Medicare) de forma a mantê-los sustentáveis, discurso que tem atraído investidores importantes para a sua campanha, como Timothy Draper, importante investidor do Vale do Silício, entre outros executivos de Wall Street, como Stanley Druckenmiller e o investidor de Private Equity Barry Sternlicht.
Aborto e direitos reprodutivos
Na área dos costumes, Haley apresenta um discurso mais moderado de que seus concorrentes republicanos. Apesar de ser declaradamente pró-vida, Nikki Haley defende a não demonização do assunto, que acredita ser uma decisão bastante pessoal na qual não cabe julgamento. A candidata declara respeitar o posicionamento de quem é pró-escolha e a soberania da decisão de cada um dos Estados sobre o assunto.
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O posicionamento de Haley sobre aborto é consistente desde o início de sua companha pela indicação republicana e anterior às eleições de meio de mandato americana, que trouxeram muitos reveses ao Partido Republicano. Em estados tradicionalmente mais conservadores, onde houve plebiscito sobre o aborto ser ou não banido, optaram pela manutenção dos direitos reprodutivos femininos, sem limitações, uma grande derrota para o Partido Republicano desde a revogação de Roe vs Wade (que retirou a decisão sobre a legalidade do aborto do âmbito federal, dando autonomia para os Estados decidirem sobre o assunto).
Relações internacionais
É o assunto em que Nikki Haley mais se destaca de seus oponentes republicanos. Ron de Santis e demais (à exceção de Chris Christie) apresentam um posicionamento bastante isolacionista com relação ao conflito na Ucrânia, condenando tanto os altos valores gastos no conflito como o número de mortes de soldados americanos e propondo uma mudança de foco estratégico para as questões internas americanas, como o fortalecimento das fronteiras ao sul contra o influxo de imigrantes. Nikki destoa por seu posicionamento em favor de um fortalecimento da relação dos Estados Unidos com os demais países aliados internacionais: “Nas Nações Unidas eu não negociei apenas com um país, mas com 193 países. Eu me sentei na mesa e negociei com China e Rússia, eu conheço os perigos que representam o Irã e da Coréia do Norte” declara a pré-candidata, que apoia a continuidade do suporte americano à Ucrânia.
Com relação ao conflito entre Israel e Palestina, Nikki defende incondicionalmente o Estado de Israel na eliminação do Hamas e destaca seus esforços, a época como embaixadora da ONU, na direção de um aumento das sanções econômicas ao Irã, de forma a minar o suporte iraniano a grupos terroristas locais.
Jovem, descendente de indianos, Nikki Haley é claramente a candidata com melhor desempenho nos debates até agora e parece ter encontrado um posicionamento perfeito entre o discurso extremista e divisionista de Trump e a percepção de idade avançada de Biden. A campanha da candidata aposta na atração de eleitores independentes, com opiniões consideradas conservadoras, mas moderadas, que podem trazer um tom de maior civilidade à retórica extremista adotada por Trump. Após o bom desempenho nos debates seu fluxo de caixa de campanha tem sido um trunfo, com a recente entrada de investimentos do Koch Network, conferindo-lhe ainda mais musculatura para se consolidar sobre De Santis. Entretanto, para continuar competitiva, Haley precisa manter o crescimento nas pesquisas, firmando-se entre os eleitores independentes e mais moderados, num cronograma apertado: estamos a sete semanas do início das disputas pela indicação do Partido Republicano e com Trump com larga vantagem nas pesquisas. É um cenário delicado e uma combinação de fatores difícil, mas não impossível.
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