O presidente Lula reafirmou, nesta quinta-feira (15) em entrevista à Rádio T, que ainda não reconhece a reeleição do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo o chefe do Executivo, os dados e as atas eleitorais devem ser apresentadas para comprovar os resultados das eleições. O presidente venezuelano, no poder desde 2013, já foi diplomado pelo Conselho Nacional Eleitoral do país para novo mandato a partir de janeiro de 2025.
“Eu sempre digo o seguinte: não é fácil e não é bom que um presidente da República fique dando palpite sobre a política de um presidente de outro país”, amenizou Lula. “Mas nós queremos que o Conselho Nacional, que cuidou das eleições, diga publicamente quem é que ganhou. Porque até agora ninguém disse quem ganhou. Ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”.
Lula destacou ainda que os enviados do país para acompanhar o pleito na Venezuela em 28 de julho, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, e Audo Faleiro, não observaram irregularidades no dia das eleições. As confusões, diz Lula, começaram quando Maduro declarou ter ganhado e o candidato Edmundo González também.
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De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o atual presidente recebeu 51,2% dos votos, enquanto Edmundo González, principal candidato da oposição, obteve 44%. A oposição, no entanto, sustenta que González recebeu 70% dos votos. As atas ainda não foram divulgadas.
“Tem que apresentar os dados por algo que seja confiável, O Conselho Nacional Eleitoral, que tem gente da oposição poderia ser. Mas ele não enviou para o Conselho, mas para a Justiça”, afirmou o presidente.
As relações do Brasil com a Venezuela, sobretudo no governo Lula, remontam ao primeiro mandato do petista. Ele explica que era um país com o qual tinha um superávit de US$ 4 bilhões. O presidente afirmou que, atualmente, “a relação ficou deteriorada porque a situação política está ficando deteriorada”.
Na entrevista à Rádio T, Lula também mencionou os esforços do Brasil juntamente com outros países, como Colômbia e Venezuela, para “encontrar uma saída”. Ele propõe, entre outras medidas, governo de coalizão, critérios de participação de todos os candidatos ou a criação de um comitê eleitoral suprapartidário.
Celso Amorim no Senado
Convocado para audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse, nesta quinta-feira (15), que o Brasil vai manter a posição diplomática de não reconhecer, por enquanto, o resultado divulgado nas eleições na Venezuela. O país só vai tomar posição quando as atas eleitorais forem apresentadas.
“Estamos chegando a um ponto em que é preciso sentir uma evolução real. Tenho dito isso e repetido. O presidente Lula já disse. O Brasil não reconhecerá um presidente que não esteja fundado nas atas”, explicou o assessor.
Celso Amorim também afirmou que se encontrou com Nicolás Maduro um dia após as eleições. Na ocasião, o assessor questionou sobre a divulgação das atas eleitorais. O atual presidente da Venezuela respondeu que seria divulgado nos próximos dias, o que não ocorreu até o momento.
“Todos os nossos interlocutores concordam que a prioridade é encontrar uma forma de pacificar o país, que já sofreu com tanta instabilidade. Somos favoráveis à solução que venha do diálogo. É difícil, mas tem que ser tentada”, destacou Celso Amorim quando questionado sobre o papel da diplomacia brasileira.
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