Não fui ver a Barbie. Mas achei uma tremenda ousadia ela ter se metido a virar filme neste 2023, em que a macholândia nunca esteve tão histérica, alvoroçada e descontrolada. Os produtores do longa-metragem devem ter aproveitado um cochilo masculinista qualquer, talvez algum porre de Campari dessa galera, ou esse filme teria se chamado Ken. Ou Falcon, pra ficar mais virilizado.
A distração “macha” que permitiu cinemas manchados de rosa por todo o país pode também ter sido a Copa do Mundo Feminina da FIFA. Não a competição em si (ora, macho que é macho só gosta de futebol-macho), mas o fato de que esses machos estejam ocupados demais manifestando nas redes o seu ódio macho ao torneio, que ousa não ter jogadores machos em seus selecionados.
Não sabemos se a Copa Feminina vai fomentar o crescimento do futebol delas pelo mundo. Por ora aqui no Brasil, a competição turbinou foi outra modalidade, que já vinha sendo virilmente praticada nas redes: o apedrejamento de narradoras esportivas (pela petulância dessas, de não terem nascido narradoras macho).
Por falar em nascer, na cabeça desses caras, a única família possível talvez seja aquela chefiada por “pai e pai”, porque, para um macho raiz, parece inconcebível que a sua perfeição em forma de macho tenha saído de algo tão repugnantemente feminino como um útero.
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A gente poderia passar a Copa e os quatro anos entre Copas ironizando a macholândia. Contudo, o masculinismo só não é um deboche completo… porque ele mata. De vergonha, é bem verdade, mas também mata de fato. Tá aí o recém lançado Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrando a piora dos indicadores de crimes de violência contra as mulheres, em boa medida praticados pela razão de viver de muitos desses sujeitos: a pulsão de dominar e subjugar “suas fêmeas”.
E dessa forma, encontramos a única ideologia de gênero realmente existente em nosso país: aquela que só aceita e que trabalha diariamente por uma sociedade inteira de machos.
PublicidadeO resto, que se recolha e se enquadre no gênero “fraquejada”.
Mas, exumando e parafraseando Simone de Beauvoir, não se nasce macho escroto, torna-se. Portanto, há trabalho a ser feito, educando nossos filhos para que não se tornem novo exemplar dessa espécie medieval, e tão desgraçadamente atual.
Faça a sua parte contra a ideologia de gênero. A real, não a fictícia, aquela que só existe na cabeça da extrema-direita.