“Nós vamos exigir é uma posição dura do governo brasileiro. Se não [ocorrer], nós vamos, do ponto de vista político, dentro do Congresso, fazer as retaliações necessárias em defesa da democracia”, declarou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na sexta-feira (19), um dia depois de voltar da Venezuela.
Não pretendia comentar a ida de “interventores” na Venezuela, porém ao ler tal frase, me senti obrigado. Aécio fala que cobrará da Dilma uma “posição dura do governo” (…) “em defesa da democracia”.
Ora, quem atentou e atenta contra a democracia não é Dilma e tampouco Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Ambos democraticamente eleitos com o voto popular. Quem atenta contra a democracia no Brasil é Aécio e seu partido, o PSDB, o DEM, PPS e Solidariedade (que além do nome nada mais tem de solidário).
Pior, atentam contra a democracia e são apoiados por grande parte das empresas privadas de comunicação.
Não satisfeito em trabalhar por um golpe de Estado no Brasil, Aécio e a turma já listada acima foram tentar construir ou contribuir para que seja derrubado o presidente Maduro, da Venezuela, ou seja, contribuir para um golpe de Estado em um país vizinho.
Aécio e comitiva que tentaram intervir na Venezuela, apesar de eleitos democraticamente, não respeitam a democracia no Brasil e, agora, tentam estender seus tentáculos autoritários para além do país.
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Aécio e os demais senadores que o acompanharam são homens inteligentes. Portanto, sabiam que nada podiam fazer na Venezuela. São senadores do Brasil. Leram? Do Brasil. Não são senadores da Venezuela, Argentina, Paraguai ou que país seja.
Portanto, não têm que se intrometer na política de outro país. Senadores do Brasil devem atuar no Brasil. Os da Venezuela, na Venezuela, e assim por diante. Eles sabem disso e se fazem de bestas.
Não significa que um senador de um país não visite outro país, e quando o faz é por convite. Quando não convidados, as relações são com seus iguais: senadores com senadores ou com as casas legislativas.
Por educação e respeito ao país que visita, não deve se meter na política local. Só arrogantes e desrespeitosos, caso de Aécio e demais senadores que foram à Venezuela, vão a outros países para se meter na política interna.
Os desrespeitosos senadores do Brasil sabiam e sabem dos seus papéis. Sabem que não podem atuar em outro país, portanto, foram até a Venezuela para, além de criar problemas diplomáticos, atentar contra a democracia venezuelana.
Maduro foi eleito democraticamente pela vontade popular, respeitando a Constituição e todas as leis da Venezuela. Portanto, derrubá-lo, como quer a oposição venezuelana e como querem Aécio e seus liderados, é golpe de Estado.
Se o governo venezuelano estiver desrespeitando os direitos humanos, a denúncia deve ser feita às instituições internacionais, como, por exemplo, ONU, OEA, Unasul, Mercosul.
A Venezuela faz parte do Mercosul e é sabido por esses senadores, pois seus partidos fazem parte, que existe o Parlamento do Mercosul e que, nele, há o Observatório de Democracia.
Também o Parlamento do Mercosul tem, entre suas comissões, uma que trata dos direitos humanos. É neste âmbito que a denúncia deveria ser feita. Mas, como não respeitam a soberania e a democracia em outro país, foram até a Venezuela para afrontar o governo e o povo venezuelano.
Foram apoiados por parte da imprensa. Tanto eles como esse segmento da mídia usaram como instrumento a mentira e a manipulação. A primeira mentira, seguida de muitas outras, foi a que disseram que a Venezuela não autorizava o pouso do avião da Força Aérea Brasileira. Atenção: foram em um Legacy, avião da FAB. Custou caro (em reais) ao Brasil este atentado perpetrado por esse grupo de senadores, contra o governo e a democracia venezuelana.
Estive na Venezuela e posso testemunhar que os engarrafamentos (embotellamientos) são comuns, como são comuns os protestos (las protestas) naquele país.
Os (probos) senadores brasileiros que queriam intervir na Venezuela presenciaram ao mesmo tempo um “embotellamiento y una protesta”. Com medo, fugiram de ambos. E a culpa do medo deles é da Dilma.