Há poucos dias, fomos surpreendidos com a renúncia da primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, que alegou “falta de combustível” para terminar o seu mandato de quase seis anos. Jacinda se mantém no cargo até o dia 07 de fevereiro, quando haverá eleições internas no seu Partido Trabalhista para escolher quem será o seu novo líder, que concorrerá nas eleições gerais da Nova Zelândia, em outubro deste ano.
Sua renúncia vem num momento político crucial de crise partidária do seu partido e da sua própria popularidade política. Jacinda é uma referência mundial em liderança feminina, foi a primeira-ministra mais jovem da história ao assumir o cargo com 37 anos e seu mandato foi marcado por momentos cruciais na história do seu país e do mundo.
Em 2019, 51 pessoas foram mortas em ataques realizados por um supremacista racial branco contra muçulmanos e imigrantes em duas mesquitas na Cidade de Christchurch, no sul do país. Esses violentos atos fizeram a primeira-ministra adotar medidas restritivas referentes ao porte de armas na Nova Zelândia, banindo alguns modelos de circulação. Jacinda apareceu em coletivas de imprensa portando o hijab em solidariedade às vítimas.
Durante a pandemia da covid-19, ela adotou um modelo de “lockdown” bastante rigoroso. Foi beneficiada por um sistema de saúde robusto, o que fez com que o país tivesse um dos índices mais baixos de contágio, e que aumentasse a expectativa de vida.
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Jacinda também atraiu os holofotes para sua vida pessoal, já que se tornou mãe pouco tempo após assumir o cargo e foi fotografada amamentando em várias ocasiões. Ela também levou a criança em uma reunião da ONU numa demonstração de que as mulheres, se assim desejarem, podem ocupar os espaços de poder.
A primeira-ministra, mais uma vez, demonstrou coragem ao renunciar ao cargo. Ser mulher na política não é uma tarefa fácil e ser uma mulher num cargo de liderança chama muita atenção.
Jacinda Ardern é uma inspiração para mim que, como mulher e ocupando cargo público, entendo os desafios de estar neste espaço. Ela deixa um legado de uma pessoa pública que levou o ser humano, com suas complexidades e particularidades, para dentro do gabinete. Sua trajetória é um belo exemplo para aquelas mulheres que querem ocupar mais espaços e para os homens que devem abrir o caminho para nós, mulheres.