O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, virou réu por difamação e falsa acusação de injúria racial em processo movido pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP). O juiz Renato Borelli, da 15ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público e deu o prazo de dez dias para Camargo se manifestar.
Tabata entrou com queixa-crime contra o presidente da Fundação Palmares por ele ter compartilhado um diálogo inexistente entre a deputada e Jair Bolsonaro por meio das redes sociais. Na montagem é atribuída à parlamentar a seguinte frase: “Deixa eu menstruar, Bolsonaro”. “E quando foi que eu proibi?”, teria respondido o presidente. O episódio ocorreu em outubro do ano passado.
O diálogo fake se refere ao veto de Bolsonaro ao projeto que previa a distribuição gratuita de absorventes a adolescentes e mulheres de baixa renda. O veto causou forte reação e foi derrubado nessa quinta-feira (10) pelo Congresso. “Sérgio Camargo postou um print de uma interação minha com Bolsonaro que nunca existiu, com a intenção de ridicularizar a luta contra a pobreza menstrual. O combate às fake news exige que sejamos intolerantes com mentiras e desinformação!”, reagiu a deputada na ocasião.
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Depois de Tabata denunciar a montagem e anunciar que entraria com uma queixa-crime contra Camargo, ele voltou às redes e, em vez de se retratar, acusou a deputada de racismo.
“Sérgio Camargo compartilhou uma fake news sobre Tabata Amaral, ao que tudo indica, com o propósito de a desmoralizar, ridicularizar e avilanar sua honra”, diz a denúncia.
Ele também chamou Tabata de “sinhazinha mimada”. “A branca mimada e privilegiada não aceita que um preto ria dela”, escreveu Camargo nas redes sociais. Camargo foi intimado a respeito do interesse em uma conciliação, mas não se manifestou. Embora presida a Fundação Palmares, Camargo nega que haja racismo no Brasil e responde a outros processos por difamação e também é acusado de assédio moral por servidores do órgão.