A Polícia Federal (PF) identificou e-mails do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) com recomendações enviadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, orientando-o a a atacar a credibilidade das urnas eletrônicas e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As mensagens foram enviadas quando Ramagem era diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Os trechos, revelados pelo jornal O Globo, foram um dos tópicos do depoimento do deputado no inquérito que investiga a Abin Paralela.
Abin Paralela é como ficou conhecido o esquema descoberto pela PF de utilização do aparato da agência, por parte de Ramagem, para o benefício pessoal da família Bolsonaro e de aliados próximos. Isso inclui tanto esforços para blindar alvos de inquéritos policiais, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), quanto o emprego de técnicas de espionagem contra desafetos políticos do ex-presidente.
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Os textos com orientações de ataques ao sistema eleitoral foram salvos em documentos no computador de Ramagem. Em um deles, Ramagem chega a afirmar que não reconhece o resultado das eleições de 2018, acreditando que Bolsonaro teria ganho no primeiro turno. “Na realidade, a urna já se encontra em total descrédito perante a população. Deve-se enaltecer essa questão já consolidada subjetivamente”, indicou no texto.
Dentre as mensagens, está uma acusação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de colaborar com o ex-ministro Celso de Mello para impor um golpe de Estado.
No ano do envio, Celso de Mello estava conduzindo o inquérito sobre a suposta tentativa de Bolsonaro em interferir em assuntos da Polícia Federal, acusação feita pelo ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, ao pedir sua exoneração. Mello, que passava por seu último ano de exercício no STF, havia tornado pública a reunião ministerial tida como momento de confissão do presidente.
Ramagem recomendou que Bolsonaro utilizasse a Procuradoria-Geral da República (PGR) para arquivar o inquérito, e reagisse de forma agressiva. “Parece ser o momento do golpe para retorno da política anterior. Nenhuma crise conseguiu enfraquecer sua base e não aparenta haver políticos à altura em 2022. Portanto, parece que a batalha maior será agora, requerendo atitude belicosa com estratégia”, orientou.
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