A autoridade policial na aduana da cidade argentina de Puerto Iguazú, na fronteira com Foz do Iguaçu (PR), localizou e prendeu o autointitulado líder indígena e pastor evangélico José Acácio Serere Xavante, foragido por envolvimento nos atos antidemocráticos de 2022. Ele foi pego no domingo (22) tentando entrar sem documentação na Argentina, e foi entregue à Polícia Federal (PF).
Serere Xavante foi uma das lideranças do acampamento montado em frente ao quartel-general do Exército em Brasília após as eleições de 2022, onde manifestantes bolsonaristas protestaram por um golpe militar para revogar o resultado eleitoral. No período em que esteve acampado, utilizou suas redes sociais para tecer ameaças ao então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, além de alegar fraude na vitória eleitoral do presidente Lula.
Além de participar nas atividades do acampamento, ele coordenou manifestações, também em defesa de um golpe militar, na Praça dos Três Poderes durante uma cerimônia de troca da bandeira no mastro especial, bem como na área de embarque do Aeroporto Internacional de Brasília e em frente ao Meliá, hotel onde estava hospedado o presidente eleito.
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Ele ganhou notoriedade em 12 de dezembro de 2022, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitou sua prisão preventiva por indícios dos crimes de ameaça, perseguição e tentativa de abolição violenta do Estado de Direito. A PF executou a prisão no mesmo dia, ato que despertou a fúria dos manifestantes acampados.
Em resposta, eles tentaram invadir a sede administrativa da PF, vandalizando não apenas a entrada do edifício, mas também estabelecimentos comerciais próximos, além de incendiar veículos estacionados no Setor Hoteleiro Norte. Alguns manifestantes chegaram a incendiar um carro estacionado no posto de gasolina próximo ao hotel onde estava o presidente Lula, e também atearam fogo em botijões de gás no Eixo Monumental, avenida que corta Brasília no sentido leste-oeste.
Confira imagens da onda de vandalismo:
Investigações posteriores revelaram que Serere e outros indígenas acampados em Brasília recebiam dinheiro de uma campanha patrocinada por um produtor rural de Mato Grosso, o fazendeiro Maurides Parreira Pimenta, conhecido como Didi Pimenta, chegando a receber R$ 85 mil.
Em junho de 2023, Serere Xavante, assim como outros réus do inquérito que investiga a tentativa de golpe de 8 de janeiro daquele ano, solicitou asilo político na Argentina, pedido que lhe fora negado. Em setembro, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou sua liberdade provisória, mas os termos foram rapidamente descumpridos, tornando-o foragido desde então.