A casa comprada pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) no valor de R$ 6 milhões foi vendida pelo empresário Juscelino Sarkis, namorado da juíza da Justiça de Goiás Cláudia Silva Andrade, que trabalhou no gabinete do ministro João Otávio Noronha entre 2018 e 2019, período em que ele era presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A informação foi revelada pelo Jornal Nacional, da TV Globo.
Na última terça-feira (23), os membros da Quinta Turma do STJ julgaram um pedido de habeas corpus feito pela defesa de Flávio, pedindo a anulação da quebra de sigilo fiscal e bancário dele e de outras cem pessoas e empresas suspeitas de envolvimento no caso das “rachadinhas”, sob investigação do Ministério Público do Rio. João Otávio Noronha votou em favor do pedido da defesa do filho do presidente, divergindo do relator do caso, Félix Fischer.
Na sequência, outros três ministros seguiram o voto de Noronha, anulando duas decisões proferidas em abril e junho de 2019 pelo juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal do Rio. Sem a quebra de sigilo, o MP pode demorar mais tempo para concluir as investigações contra o senador.
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Na mesma sessão, Noronha concordou com outro pedido da defesa de Flávio. Para ele, há irregularidades no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que embasa a apuração da acusação contra o senador, dessa forma, ele defende a anulação do documento. O caso ainda não foi finalizado pela turma do STJ.
Noronha também concedeu a prisão domiciliar a Fabrício Queiroz e sua esposa Márcia Oliveira, em junho de 2020. Ambos foram presos por suspeitas de obstrução das investigações. O ministro já proferiu votos favorecendo o filho do presidente em pelo menos dois recursos sobre o caso das “rachadinhas”. A defesa de Flávio tenta anular e atrasar o andamento do caso.
Segundo o Jornal Nacional, João Otávio Noronha disse que desconhece a negociação do imóvel em Brasília e afirmou que a juíza Cláudia Silva de Andrade não trabalhou nos casos envolvendo o parlamentar. O empresário Juscelino Sarkis explicou à reportagem que a venda da mansão foi feita por corretores e que ele não conhecia previamente o comprador. Segundo ele, sua namorada não foi envolvida na transação.
PublicidadePartidos de oposição cobram que o Conselho de Ética do Senado Federal abra um processo contra o senador Flávio Bolsonaro. Há dois anos, os partidos apresentaram uma representação ao colegiado, que já foi aditada três vezes, após o surgimento de novos fatos. A iniciativa de agora, articulada pelo presidente do Psol, Juliano Medeiros, ocorre após a divulgação de notícias sobre movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos declarados pelo senador, por meio da compra de uma casa no valor de R$ 6 milhões.
“Flávio Bolsonaro já está sendo investigado por lavagem de dinheiro através da compra e venda de imóveis e de uma loja de chocolates. Ao adquirir essa nova casa, ele dá um tapa na cara da sociedade demonstrando sua certeza de impunidade. O Senado precisa responder rápido e à altura”, diz.
A mansão de Flávio Bolsonaro tem 1,1 mil metros quadrados, dois pavimentos, quatro quartos, aquecimento solar, detalhes em mármore Carrara. O imóvel fica em uma das mais exclusivas vizinhanças de Brasília. Como senador, Flávio também tem direito a um apartamento funcional na capital federal.
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