A pauta do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quarta-feira (20) inclui o julgamento do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), acusado de incitar a violência contra diversos ministros da corte. Parlamentares governistas ouvidos pelo Congresso em Foco se dividem sobre qual seria o melhor desfecho do caso.
Uma ala mais pragmática entende que a eventual condenação de Silveira poderá amenizar a crise entre o governo e o Judiciário. Desde meados de 2020, o deputado mantém postura de constantes ataques ao STF, em especial ao ministro Alexandre de Moraes.
Na ala ideológica, o julgamento é visto com preocupação por medo do precedente para que outros parlamentares próximos a Jair Bolsonaro sejam condenados. “O que queremos é que seja absolvido, mas vindo do STF tudo é possível. É um absurdo que ele esteja passando por isso, mas na Constituição quase tudo está sujeito a interpretação”, disse a deputada Soraya Manato (PTB-ES), vice-líder da bancada do PTB, partido que acolheu Silveira após ele deixar o PSL (hoje União Brasil).
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O deputado General Peternelli (União-SP), um dos quadros governistas que permaneceram no União Brasil após o fim da janela partidária, destacou que ainda existe uma pressão eleitoral para que o governo permaneça ao lado de Daniel Silveira. “Mesmo em meio ao processo, Daniel Silveira está no topo das pesquisas de intenção de voto para senador no Rio de Janeiro. Isso significa que grande parte da população é contra a sua condenação”, apontou o vice-líder do União.
Independentemente da posição adotada pelo governo, tanto parlamentares da base quanto da oposição já antecipam que o julgamento dificilmente terá seu fim nesta quarta-feira (20). Há expectativa de que o ministro André Mendonça peça vistas, ou seja, mais tempo para analisar o processo. “Mendonça está sob forte pressão dos apoiadores de Bolsonaro. Eles puseram ele no STF, e agora querem que pague a sua cifra”, disse um parlamentar da oposição que acompanha o caso no Supremo.