Os deputados Elias Vaz (PSB-GO) e Marcelo Freixo (PSB-RJ) anunciaram que pretendem acionar o Ministério Público Federal (MPF) por suspeitas de superfaturamento na compra de 35 mil comprimidos de Viagra por parte dos comandos das três forças armadas. Um levantamento dos dois parlamentares apontou para um pagamento até 143% maior do que o preço de mercado.
A aquisição, conforme apontada pelos parlamentares, se deu em um processo iniciado em 2020, onde a compra dos comprimidos pela Marinha, principal comprador, saiu no valor de R$ 3,65 a unidade. Um outro processo de aquisição pelo Exército no mesmo ano já apontou para um valor menor: R$ 1,50 por capsula. Os deputados questionam o motivo da força naval ter comprado o mesmo produto por um valor muito superior, as duas aquisições com entrega para o Rio de Janeiro.
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“Além de gastar dinheiro público com Viagra, tudo indica que o governo Bolsonaro ainda comprou acima do preço de mercado. O Congresso Nacional e a toda a sociedade merecem uma explicação”, declarou Elias Vaz, que também foi autor de um requerimento ao Ministério da Defesa sobre as causas da compra da medicação, oferecida no mercado como um remédio para impotência sexual masculina.
Elias Vaz ainda destaca que o processo se deu justamente em meio à urgência para o direcionamento de recursos na saúde. “Estamos em um momento de falta de insulina nas unidades básicas de saúde em todos o país, uma medicação que serve para combater uma doença crônica em pessoas que dependem daquilo até para manter a própria vida. Mas, ao mesmo tempo, o governo prefere gastar dinheiro com Viagra”.
Luxo nas Forças Armadas
PublicidadeA compra de estimulante sexual pelas três forças foi descoberta menos de uma semana depois de ir a público a aquisição de R$ 25 milhões em filé mignon, picanha e lombo de bacalhau para os órgãos de defesa. No ano anterior, a bancada do PSB ainda abriu representação na Procuradoria-Geral da República por conta dos gastos do Exército com grandes quantidades de leite condensado, bem como por garrafas de cerveja com especificação de marcas importadas, como Heineken e Stella Artois.
Segundo Elias Vaz, o gasto elevado das forças armadas com produtos de luxo na atual gestão não ocorre por acaso. “Esse fenômeno se agravou no governo Bolsonaro. Os militares se encontram em uma situação privilegiada em função da força que eles tem dentro do governo, e alguns comandantes acabam abusando. Essas situações acabam se tornando comuns com esse empoderamento nos últimos anos”.
Os gastos das forças com bens de luxo também chamaram a atenção do Tribunal de Contas da União, que também já investiga indícios de conluio e superfaturamento nas aquisições. “Tivemos por exemplo um caso no Rio de Janeiro, onde foram houve uma aquisição de mais de 20 mil kg de filé por R$ 79,00 por quilo, quando no mesmo estado encontramos processos de compra por R$ 59,00. São compras que não tem como entender”, relembrou o deputado.