A Justiça Militar condenou o coronel da reserva Adriano Camargo Testoni, que até janeiro era servidor temporário do Hospital das Forças Armadas (HFA), por injúria contra generais em um vídeo que gravou enquanto participava dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. A sentença, porém, se refere constantemente aos atos como uma “manifestação popular”, e não condena o oficial por ter participado do protesto cuja pauta era a defesa de um golpe militar.
Testoni ganhou notoriedade nos atos de 8 de janeiro ao gravar um vídeo, em meio à desocupação da Esplanada dos Ministérios, salivando e xingando generais da força terrestre, citando-os nominalmente. Em meio às ofensas, atacou a própria instituição. “Exército é o c******, esse nosso Exército é um m****. Vão tudo tomar no c*, filhos da p***. (…) Que vergonha de vocês militares”, exclamou. A gravação foi enviada nos grupos de Whatsapp da turma de 1987 da Academia Militar das Agulhas Negras, onde se formou.
Em um segundo vídeo, publicado na sequência, seguiu com as ofensas, afirmando sentir vergonha de ser militar e de ter “passado 35 anos na caserna e ver agora o povo sendo achincalhado, sendo bombardeado, e os filhos da p*** da nossa força devem estar com o c* tomando whisky em casa agora no domingo”. Ele também expressou revolta contra o Alto Comando do Exército por ter aceitado o resultado das eleições e não ter tomado iniciativa em 8 de janeiro.
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A defesa do coronel alegou que os vídeos foram uma “explosão impensada decorrente da ação repressiva da polícia militar em conter o distúrbio que havia se tornado a manifestação popular com armas não letais de efeito moral”, agravada pelo fato de sua esposa ter sido atingida pelo gás lacrimogêneo. O argumento não convenceu o tribunal, que relembrou tratar-se da conduta de um oficial de infantaria, com treinamento para manter a calma em momentos de tensão e tumulto.
A Justiça Militar também reconheceu que Testoni estava consciente dos riscos envolvidos ao participar daquela manifestação: o inquérito revelou que ele chegou à Esplanada dos Três Poderes ao final da tarde, quando os noticiários já revelavam que o protesto havia se transformado em uma ação violenta.
Adriano Testoni foi condenado a um mês e 18 dias de detenção, a ser cumprida em regime aberto, com direito a suspensão condicional da pena desde que não saia de Brasília sem autorização do tribunal. Ele foi exonerado em janeiro do HFA, mas a sentença não afeta a sua pensão como reservista.
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