A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou nesta quarta-feira (6), à Procuradoria-Geral da República, as suspeitas de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) interferiu nas investigações de corrupção e tráfico de influência envolvendo o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro.
À Procuradoria cabe a avaliação de indícios que tornem possível a abertura de uma manifestação contra o presidente.
O caso foi levado ao STF pela Justiça Federal de Brasília depois do Ministério Público e a Polícia Federal apontarem indício de que Bolsonaro teria alertado o ex-ministro Milton Ribeiro sobre a operação da PF.
Em conversa por telefone, Ribeiro afirmou à filha que recebeu uma ligação de Bolsonaro na qual ele disse temer que o aliado fosse alvo de uma operação da Polícia Federal. Na conversa, Ribeiro também fala da possibilidade de ser alvo de busca e apreensão, como de fato foi, dias depois.
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“Hoje, o presidente me ligou. Ele está com um pressentimento novamente de que podem querer atingi-lo através de mim, sabe?”, disse Ribeiro. Em seguida, o ex-ministro afirma: “Ele acha que vão fazer uma busca e apreensão em casa, sabe? Bom, isso pode acontecer, se houver indícios, mas não há porquê”, disse o ex-ministro.
Os trechos fazem parte de uma ligação interceptada pela Polícia Federal durante a investigação responsável pela prisão de Milton Ribeiro. Segundo o MPF, os indícios apontam uma interferência do presidente nas investigações.
Pelas suspeitas, a investigação foi encaminhada ao STF, uma vez que o presidente possui foro por prerrogativa de função. O pedido foi atendido pelo juiz Renato Borelli, da Justiça Federal em Brasília, e o caso voltou para a ministra Cármen Lúcia.
Milton Ribeiro foi preso em uma operação da Polícia Federal que investiga desvio de verbas do Ministério da Educação por meio de pastores que supostamente pediam propina a prefeitos para acelerar a liberação de recursos da pastas. Tanto o ex-ministro quanto pastores envolvidos no caso foram soltos no dia seguinte por ordem judicial.