O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, manifestou a importância de relembrar os atos golpistas de 8 de janeiro para “manter viva a memória do país que não queremos”, durante discurso no plenário da Corte, nesta segunda-feira (8). No aniversário dos atos antidemocráticos, o magistrado também reforçou a importância durante a reconstrução da ex-ministra Rosa Weber, que também fez uso da palavra.
“Estamos aqui para manter viva a memória do episódio que remete ao país que não queremos. O país da intolerância, do desrespeito ao resultado eleitoral, da violência destrutiva contra as instituições. Um Brasil que não se parece com o Brasil”, declarou o presidente do STF.
Barroso dividiu seu discurso em três momentos: destruição, reconstrução e pacificação. O ministro relembrou o estado que o plenário estava, definido por ele como “um cenário de barbárie motivado por uma animosidade que foi artificialmente fabricada anos a fio”. Segundo o presidente do Supremo, os invasores representam uma contradição natural por meio da “mistura de ódio com religiosidade”, sendo “falsos patriotas que não respeitam os símbolos da pátria”.
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O discurso também pontuou que os participantes dos atos antidemocráticos estão sendo processados pelo STF pelos crimes de: tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração de patrimônio tombado e dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União. Um ano depois, apenas 30 pessoas foram condenadas, enquanto 66 continuam presas.
Convidada por Barroso, a ex-ministra Rosa Weber, considerada “a grande heroína da reconstrução do plenário” pelo presidente do Supremo, também discursou durante a solenidade. O esforço de revitalização do prédio, citado pelo ministro, foi materializado em uma exposição fotográfica mostrando o antes e depois dos atos golpistas
“8 de janeiro de 2023 se consolida como uma marca indelével na história da democracia constitucional do nosso país pelo ataque sofrido em uma investida autoritária, espúria, obscurantista e ultrajante, insuflada pelo ódio e pela coragem da ignorância contra as instituições democráticas”, disse Rosa Weber.
PublicidadeA ex-ministra reconheceu que a data, apesar de carregar uma mancha na democracia brasileira, também representa sua resistência. “Mas esse sentimento de tristeza profunda, de desconsolo, de indignação se transformou, paulatinamente, em satisfação e energia diretamente proporcionais diante da reação e da resistência das instituições democráticas em uma prova incontestável de que a autoridade das instituições não está nos prédios, e sim no espírito que as anima”.
Além de Rosa Weber, os ex-ministros Ricardo Lewandowski e Ayres Britto também compareceram à solenidade no Supremo Tribunal Federal.