Em decisão unânime, os membros dos Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) resolveram abrir nesta terça-feira (23) processo de disciplinar contra a procuradora de Justiça de Minas Gerais Camila Fátima Teixeira, que pediu para generais a expulsão dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, presidente da Corte. Em textos publicados na internet, Camila chega a pedir intervenção militar que “exploda o STF e o Congresso de vez” (leia mais abaixo).
A portaria foi instaurada durante a 17ª sessão ordinária do CNMP em 2018 pela Corregedoria Nacional do Ministério Público. A partir de agora, o processo administrativo disciplinar (PAD) será relatado pelo conselheiro Leonardo Accioly. Em abril passado, Camila de Fátima foi ao Twitter e se manifestou “ofensivamente”, segundo o CNMP, contra os ministros do STF e membros do Congresso. Nas postagens, relata o Conselho, ela incita atos de coação e violência, inclusive por meio de força, contra as autoridades.
A conta do Twitter por meio da qual a procuradora se manifestou foi identificada como “Camila Moro”, mas parece ter sido retirada do ar. Entre os registros sob investigação, há clara incitação ao uso arbitrário da força.
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“Generais, saiam do Twitter e posicionem seus homens no entorno do STF, até que Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli entreguem suas togas. Marquem dia que vamos juntos: Brasileiros + Exército salvaremos a Lava Jato”, escreveu Camila em um dos posts.
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PublicidadeEm outro, ela chega a pedir algo proibido pela própria Constituição Federal, que trata como crime a defesa do regime militar no Brasil. “Que venha a intervenção militar e exploda o STF e o Congresso de vez”. Para os membros do CNMP, ao menos em tese a integrante do Ministério Público de Minas abandonou a conduta pública ilibada, em que é obrigação de promotores e procuradores o zelo pelo prestígio da Justiça e pela dignidade de suas funções, bem como pelo tratamento de magistrados “com a urbanidade devida”.
“No mesmo mês, também por meio do Twitter, na conta intitulada ‘Camila Teixeira’, a procuradora publicou textos ofensivos, como a frase ‘Trabalha diariamente pra soltar Lula, alô, generais, tomem uma atitude’ sobreposta à imagem do ministro Marco Aurélio, incitando ação militar e insinuando atuação funcional ilícita por parte do integrante do STF. Também nesse caso, de acordo com Corregedoria Nacional do MP, a membro do MP teria deixado de manter conduta pública ilibada, de zelar pelo prestígio da Justiça e pela dignidade de suas funções, e de tratar magistrados com a urbanidade devida”, diz o site do CNMP.
Para Leonardo Accioly, “os fatos até agora conhecidos por este Conselho e presentes na portaria de instauração do PAD são suficientes para dar-se prosseguimento às investigações quanto à ilegalidade da conduta noticiada na portaria de instauração”.
Além do processo disciplinar, que pode culminar com a perda de suas funções, Camila poderá ser investigada pela Justiça de Minas Gerais. Os documentos que fundamentam a instauração do processo no CNMP já foram remetidos ao Judiciário mineiro, que deve abrir investigação criminal contra a procuradora.
O PAD tem número de registro 1.00479/2018-01. Segundo o regimento interno do CNMP, o prazo para conclusão do processo é de até 90 dias.
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