O advogado Frederick Wassef apresentou uma terceira versão para o aparecimento de Fabrício Queiroz em sua casa em Atibaia (SP), no interior de São Paulo. Segundo ele, o amigo de três décadas de Jair Bolsonaro sofria ameaças de morte, se o assassinato acontecesse, tentariam incriminar o presidente. Wassef afirma que a família Bolsonaro não sabia que ele tinha escondido o ex-assessor de Flávio. As declarações foram dadas para a revista Veja.
“Passei a ter informações de que Fabrício Queiroz seria assassinado. O que estou falando aqui é absolutamente real. Eu tinha a minha mais absoluta convicção de que ele seria executado no Rio de Janeiro”, disse.
Segundo Wassef, o plano de matar Queiroz tinha como objetivo final incriminar Jair Bolsonaro. Porém, o advogado não teria informado aos clientes sobre a situação e nem mesmo recorrido à polícia. Em vez disso, o advogado diz que agiu por conta própria e escondeu Queiroz.
“Além de terem chegado a mim essas informações, eu tive certeza absoluta de que quem estivesse por trás desse homicídio, dessa execução, iria colocar isso na conta da família Bolsonaro. Havia um plano traçado para assassinar Fabrício Queiroz e dizer que foi a família Bolsonaro que o matou em uma suposta queima de arquivo para evitar uma delação”, disse.
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“Eu tive informações absolutamente procedentes e formei a minha convicção de que iriam matar Queiroz e iriam colocar a culpa no presidente Bolsonaro para fazer um inferno da vida dele. Na verdade, seria uma fraude. Algo parecido com o que tentaram fazer no caso Marielle, com aquela história do porteiro que mentiu”, afirmou.
O ex-advogado de Flávio e Jair Bolsonaro, figura muito presente no Palácio do Alvorada e no Planalto, havia dito que não sabia onde estava Queiroz. Após o ex-assessor de Flávio ser encontrado em sua casa, ele negou que Fabrício Queiroz estivesse morando lá.
Publicidade“Nunca escondi ninguém na minha vida. Queiroz não morou naquela localidade por mais de um ano, isso também não é verdade”, havia dito o advogado após o ex-assessor ser encontrado em sua casa. Veja a entrevista que ele deu para a TV Cidade Verde em reportagem exibida no dia 22.
Agora, portanto, apresentou uma terceira versão, onde confirma que escondeu o amigo do presidente sem a ciência do chefe do Executivo.
O terreno onde Queiroz foi encontrado pertence a Wassef e sua ex-esposa, Cristina Boner Leo, que é a dona da Globalweb Outsourcing, empresa que tem contratos que ultrapassam a soma dos R$ 218 milhões com o governo federal.
No último dia 24, o Tribunal de Contas da União (TCU) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) foram acionados por deputados do PT para apurar e tomar medidas legais cabíveis diante de possíveis irregularidades em contratos firmados entre a empresa Globalweb Outsourcing e o governo Jair Bolsonaro.
Em resposta à reportagem do UOL que revelou os contrato, Cristina Boner Leo afirmou que “todos os contratos conquistados junto ao governo foram resultados de processos licitatórios eletrônicos disputadíssimos, vencidos de forma transparente e lícita. Contaram com a competição de dezenas de empresas concorrentes e muitos lances de descontos em relação a proposta apresentada originalmente. A empresa tem áreas de compliance, governança, auditoria interna e externa, central de denúncias e um quadro de executivos de mercado que demonstra a lisura e a correção com que atua no mercado”, disse em nota.