O governo Lula comemorou nesta semana os números da mais recente pesquisa Genial/Quaest. O trabalho do presidente é aprovado por 60% dos brasileiros e 42% avaliam positivamente seu governo. Quatro em dez entrevistados (39%) consideram que a economia melhorou, e 59% acreditam que a situação ficará ainda melhor nos próximos 12 meses. São boas notícias para Lula, sobretudo porque sua aprovação cresceu entre eleitores bolsonaristas, inclusive no Sul do país, reduto do ex-presidente — na região, houve um aumento de 11 pontos percentuais, de de 48% para 59%.
A Quaest também quis saber quais os maiores problemas do país do ponto de vista da população. A economia segue no topo das preocupações, para 30%, em média, em todas as faixas de renda. As questões sociais vêm em seguida, em torno de 20%, e a violência urbana foi apontada por 10%. No entanto, ao apresentar uma relação de problemas específicos aos entrevistados, 96% destacaram a violência e o crime como um grande problema a ser enfrentado — a inflação ficou com 74%.
Na semana passada, Eloah Passos, de cinco anos, estava em casa quando assustou-se com o barulho de tiros no Morro do Dendê, Ilha do Governador, no Rio. Aproximou-se da janela e foi atingida e morta por um disparo. Foi uma das 16 crianças baleadas só neste ano no Estado do Rio de Janeiro, segundo dados do Instituto Fogo Cruzado. Sete delas morreram. Lula criticou a polícia do governador Cláudio Castro, ao saber da tragédia: “Não se pode ir atirando a esmo”, afirmou.
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O ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que o governo está estudando uma legislação para as polícias, para unificar dados. Em julho, foi lançado um Plano Nacional de Segurança Pública, com uma nova política de controle de armas.
São passos ainda tímidos diante dos números, e Rui Costa conhece bem o problema. Durante seus dois governos na Bahia, a letalidade policial cresceu 313% (2015-2022), segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Só no ano passado foram 1.464 mortes. Entre os dias 28 de julho e 4 de agosto, 29 perderam a vida em em ações policiais no estado. Em São Paulo, a polícia de Tarcísio de Freitas matou 16 pessoas em oito dias de operação no Guarujá, após a morte de um policial.
Tradicionalmente, o governo federal se esquiva quando o assunto é segurança pública, porque as polícias estão sob a responsabilidade dos governos estaduais. Para a população, informa a pesquisa, um parente morto não tem carimbo de federal, estadual ou municipal.
Na Saúde, velhos problemas se acumulam, enquanto surgem novos. O tempo de espera para atendimento no SUS ainda é grave problema para 78%, registrou a Quaest. Mas a solidão e o isolamento das pessoas, sequelas da pandemia, agora têm lugar de destaque na fila de acesso ao Sistema Único de Saúde. Para 64% essa é uma questão importante, que deveria merece atenção prioritária do poder público.