Júlio Lopes *
Muitas vezes as boas soluções estão presentes em nosso dia a dia, em nossa própria casa e nem percebemos. Em outras situações, as ideias são conhecidas, mas, para que elas sejam mais eficientes, precisam de uma escala maior para que os resultados possam ser sentidos. Em um país tão carente de infraestrutura qualificada, nas diversas áreas, não podemos abrir mão de tecnologias que tornem as grandes obras mais baratas e concluídas em tempos mais próximos da realidade, sem a necessidade dos infinitos e irritantes aditivos que levam a estouros de orçamento e prejuízo aos cofres públicos.
Será que todos conhecem uma metodologia chamada BIM (Building Information Modeling)? Sabemos que não, tanto que resolvemos criar uma Frente Parlamentar para que empresários, setor público, setor privado e a grande imprensa conheçam essa ferramenta que pode ajudar, e muito, o Brasil a alcançar outros níveis de desenvolvimento econômico. Mas a ideia é falar do BIM, muito mais do que da Frente.
O BIM é uma metodologia que permite criar simulações digitais, suportadas por realidade virtual, para todas as etapas do ciclo de vida de um empreendimento, envolvendo o planejamento, projeto, construção até a fase de manutenção e operação. E qual exatamente a importância disso? Esse sistema apresenta uma outra forma de projetar, gerenciar e construir com mais eficiência e economia e pode ser usado tanto para obras de edificações como para obras de infraestruturas lineares: rodovias, ferrovias e saneamento básico.
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É fundamental estarmos atentos a isso, sobretudo em um momento em que vemos, novamente, o anúncio de um grande pacote de obras reunidos na terceira etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Que o Brasil precisa corrigir vários gargalos que sufocam nossa competitividade não temos nenhuma dúvida. Mas o histórico recente – inclusive das etapas anteriores do PAC – mostra que escolhas erradas podem custar caro.
O BIM reduz custos, mitiga riscos e garante o cumprimento dos prazos. Com ele, é possível criar uma simulação do planejamento de uma obra pública por meio da animação das ações e visualização do andamento das ações de acordo com o calendário da obra. Desta forma, é possível eliminar erros nos quantitativos das planilhas orçamentárias nas obras públicas.
PublicidadeFalamos, contudo, que nem todos conhecem o BIM. Significa que ele não seja uma realidade em nosso país? Muito antes contrário. Ele é a base de programas relevantes utilizados nas obras do Exército, da Vale e da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer). Por permitir que o projeto seja compartilhado em todas as etapas da produção, é possível dizermos, sem medo de estar errando ou exagerando, que as obras tendem a ficar até 20% mais baratas e levarem 30% a menos de tempo para serem concluídas.
É justamente por isso que defendemos que essa metodologia precisa ser mais difundida por meio de debates, simpósios e eventos, algo que a nossa Frente pretende organizar e se compromete a fazer. É fundamental que prefeitos, governadores e servidores dos tribunais de contas conheçam o BIM e suas aplicações, que já estão, inclusive, na nova Lei de Licitações, que entra em vigor em meados do ano que bem. Mas ele não pode ser apenas um item decorativo de uma legislação vigente. Ele precisa funcionar e atingir os objetivos a que se propõe. Especialmente nas grandes obras prioritárias, como as contidas nos cadernos do PAC.
Cremos estar no caminho certo. No dia do lançamento da nossa Frente Parlamentar do BIM estiveram presentes diversos representantes do setor da área de construção, dos CREAS, representando os engenheiros e arquitetos de diversos pontos do país. Todos dispostos a embarcar nessa ideia.
Que também não pode ser restrita apenas àquele dia de festa, mas, parafraseando a própria matéria-prima do setor, tem de ser construída cotidianamente. A difusão do BIM deve impregnar as mentes e os projetos de todos para que possamos, efetivamente, economizar dezenas de milhões para os brasileiros, a serem revertidos em recursos para mais obras, mais infraestrutura e mais desenvolvimento.
* Júlio Lopes (PP-RJ) é deputado federal, presidente da Frente Parlamentar pelo BIM e secretário-geral da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo.
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