A Secretaria de Comunicação do governo federal reciclou em publicação no Twitter o slide usado pelo então procurador Deltan Dallagnol em 2016 para apresentar acusações da Lava Jato contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A imagem, que elenca uma série de programas atribuídos ao governo, como os programas Mais Médicos e Minha Casa Minha Vida, foi publicada nesta quarta-feira (17), um dia depois de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassar o mandato de deputado que Deltan exerce atualmente.
O Governo segue trabalhando para melhorar a vida da população, com programas como o Brasil Sorridente, Mais Médicos, Bolsa Família, entre outras conquistas.
Temos convicção de que ainda temos muito trabalho pela frente, é só o começo da união e reconstrução de um Brasil melhor 🇧🇷 pic.twitter.com/JapFLv0W1j— Governo do Brasil (@govbr) May 17, 2023
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O layout da imagem publicada pelo governo é uma inversão do chamado “PowerPoint do Dallagnol”. Na época, o procurador, que integrava a força-tarefa da Lava Jato, mostrou um diagrama com o nome “Lula” como elemento central e outros termos o rodeando (“Mensalão”, “governabilidade corrompida”, “José Dirceu”), com setas partindo deles e apontando para o nome de Lula. Já a publicação do governo coloca a expressão “137 dias de governo” como elemento central e dela saem as setas para os termos associados à atual gestão palaciana.
Deltan Dallagnol entrou na política depois de ganhar destaque como procurador da Lava Jato. Associado à pauta do combate à corrupção, candidatou-se a deputado no Paraná pelo partido Podemos e foi o nome mais votado para a cadeira, com 344 mil votos. Foi o mesmo estado que elegeu o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), outro nome-símbolo da Lava Jato, para o Senado, com 1,95 milhão de votos.
PublicidadeFoi uma denúncia feita pela Lava Jato que condenou Lula, na época ex-presidente, à prisão. Moro condenou o petista a nove anos e seis meses de cadeia por corrupção passiva em 12 de abril de 2017, pena que foi ampliada para 12 anos e um mês na segunda instância. Lula ficou preso de 7 de abril de 2018 a 8 de novembro de 2019 e saiu por decisão do Supremo Tribunal Federal, que decidiu que prisões após julgamentos em segunda instância eram irregulares. Depois, o STF chegou a decidir que Moro teve uma atuação parcial no caso em que condenou Lula.
O TSE cassou o mandato de Dallagnol na última terça-feira (16). A ação que resultou na cassação do mandato foi movida pelo PT e pelo PMN nas eleições de 2022. Os partidos alegaram três pontos que foram acatados pelos ministros da Corte Eleitoral. Foram eles:
- Como coordenador da Operação Lava Jato, Dallagnol teve contas públicas rejeitadas pelo Tribunal de Contas da União por irregularidades no pagamento de diárias e passagens a membros do Ministério Público Federal que atuaram na referida força-tarefa;
- Dallagnol antecipou seu pedido de exoneração do cargo de procurador da República para contornar a concreta possibilidade de que 15 procedimentos administrativos de natureza diversa fossem convertidos em processos administrativos disciplinares;
- A manobra impediu que 15 procedimentos administrativos em trâmite no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em seu desfavor, viessem a gerar processos administrativos disciplinares (PAD) que poderiam ensejar aposentadoria compulsória ou perda do cargo.