Uma missão exploratória coordenada pelo Ministério da Saúde encontrou condições insalubres em postos de saúde que atendem os yanomamis. A pasta divulgou nessa terça-feira (7) um relatório da missão realizada no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) da Terra Indígena entre os dias 15 e 25 de janeiro.
Entre os locais visitados pela missão estão a Casa de Saúde Indígena (Casai) de Boa Vista (RR), responsável pelo apoio, acolhimento e assistências aos indígenas, e os polos bases Surucucu e Xitei. A Casai foi visitada pelo presidente Lula (PT) e diversos ministros no dia 21 de janeiro, após as primeiras denúncias da situação crítica no território Yanomami. Na ocasião, a ministra da Saúde, Nise Trindade, declarou situação de emergência em saúde pública na terra indígena.
Condições insalubres
O relatório aponta que a Casai está com uma “estrutura física precária” e lista problemas como banheiros insalubres e com sanitários quebrados, canos enferrujados, proliferação de fezes nas malocas, esgoto a céu aberto e lixo espalhado.
A Casai tem capacidade para receber cerca de 200 indígenas, mas a equipe encontrou o local com um total de 717 indígenas, entre pacientes e acompanhantes, sendo acolhidos. O relatório aponta que 148 indígenas estão de alta aguardando por transporte para retornar às suas aldeias.
“Falta logística para o retorno ao território devido à sobrecarga no transporte dos profissionais e nas remoções de casos graves. As pessoas ficam meses esperando, identificamos casos de um mês a até 10 anos de permanência na espera do retorno”, afirma o documento.
Na farmácia do local, faltam medicações básicas e fármacos para tratar a malária. A sala de vacinação da Casai está desativada há mais de dois anos e faltam profissionais para realizar análises clínicas laboratoriais. O relatório ressalta que a equipe disponível no local é “insuficiente e incompleta para atendimento aos indígenas” e que os trabalhadores apresentam adoecimento pela sobrecarga e precariedade nas condições para executar suas funções.
A missão foi realizada após a denúncia dos óbitos de três crianças entre os dias 24 e 27 de dezembro do ano passado. Segundo o documento, foram abertos 17 chamados aeromédicos (com necessidade de transporte dos pacientes por avião) na ocasião que exigiam transporte imediato.
“Registra-se a expressiva insegurança alimentar e fome em diversas regiões do território Yanomami, que afetam particularmente as crianças. Alarmantes são os relatos de dificuldade de acesso a insumos de saúde para atendimento dessa população, danos nos postos de saúde e insegurança na permanência das equipes de saúde devido à existência ilegal de garimpeiros”, destaca o relatório.
Também atuaram na missão a Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), o Programa de Treinamento em Epidemiologia do SUS, a Organização Panamericana da Saúde (Opas), a Força Nacional de Segurança e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
Confira a íntegra do relatório: