O ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) Fabrício Queiroz divulgou no início desta noite (12) vídeo em que diz estar revoltado com a circulação na internet de uma gravação em que aparece dançando com a filha e a mulher no hospital. Segundo Queiroz, o vídeo registrou “cinco segundos” de alegria que ele queria dar à família na noite de réveillon. “Estão dizendo que nesse vídeo eu estava comemorando o meu não comparecimento ao Ministério Público. É muita maldade”, reclamou. “Foram cinco segundos que quis dar de alegria a uma tristeza que tomava conta dentro da enfermaria em que eu me encontrava”, explicou.
Queiroz contou que foi submetido no dia 1º, data da posse do presidente Jair Bolsonaro, a um procedimento cirúrgico devido a um tumor no Hospital Albert Einstein, um dos mais caros do país, em São Paulo. O ex-policial disse que estará à disposição do Ministério Público para esclarecer qualquer dúvida após sua recuperação.
“Fui submetido à cirurgia no dia 1º. Graças a Deus o tumor foi eliminado. Estou no pós-operatório aguardando tratamento médico. Tão logo acabe tudo isso estarei pronto para esclarecer qualquer dúvida do Ministério Público”, declarou.
No vídeo que viralizou neste fim de semana, Queiroz aparece dançando, em meio a gargalhadas, ao lado de uma das filhas e da mulher. “Agora é vídeo, pai!”, diz a jovem. “Pega teu amigo, pega teu amigo!”, prossegue. No início, ele repete o sinal com o polegar e o indicador feito pelo presidente Jair Bolsonaro em referência a uma arma. Em seguida, dança com o suporte do soro fisiológico.
Veja o vídeo em que Queiroz dança com a família:
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro já faltou a dois depoimentos no Ministério Público, alegando problemas de saúde. Nesta semana, as duas filhas dele e a esposa também não compareceram ao MP. Elas afirmaram que estavam em São Paulo, cuidando dele.
Os procuradores querem esclarecer a movimentação financeira de R$ 1,2 milhão no período de um ano, considerada atípica pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Flávio Bolsonaro não comparece ao MP para esclarecimentos sobre caso Queiroz
Na última quinta, Flávio Bolsonaro também faltou a depoimento no MP-RJ. Mas concedeu no mesmo dia entrevista sobre o assunto ao SBT. “Eu não sei o que as pessoas do meu gabinete fazem da porta para fora, nem ele, nem de ninguém”, declarou ao SBT. De acordo com ele, o caso tem sido explorado para “atingir o nome Bolsonaro” e tentar desestabilizar o governo do pai.
Em nota divulgada na terça (8), MP-RJ diz que tem elementos para prosseguir com as investigações mesmo sem ouvir a família Queiroz e indicou que pedirá a quebra dos sigilos bancário e fiscal do ex-policial militar que trabalhou no gabinete do filho do presidente na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
“Como se eu fosse o pior bandido do mundo”, reclama Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro
A mulher de Queiroz, Márcia de Aguiar, e suas filhas Nathália e Evelyn faltaram ao depoimento que estava marcado para o início da semana, o que provocou a reação dos procuradores.
“Vale destacar que a prova documental encaminhada pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) ao MP-RJ tem informações que permitem o prosseguimento das investigações, com a realização de outras diligências de natureza sigilosa, inclusive a quebra dos sigilos bancário e fiscal”, destacou o Ministério Público. “O direito constitucional à ampla defesa também poderá ser exercido em juízo, caso necessário”, acrescentou o comunicado.
Ministério Público sinaliza quebra do sigilo fiscal e bancário de Fabrício Queiroz
Mensalinho
Os dados de Queiroz foram incluídos em investigação do Ministério Público Federal que culminou na operação Furna da Onça, deflagrada no mês passado. A ação prendeu dez deputados estaduais do Rio de Janeiro. Os políticos são suspeitos de envolvimento no chamado “mensalinho” da Alerj.
Flávio Bolsonaro e Fabrício não foram alvo da operação. Porém, o ex-assessor de Bolsonaro é citado em levantamento feito pelo Coaf a pedido do MPF de movimentações financeiras suspeitas envolvendo funcionários e ex-servidores da assembleia. O filho do presidente não está entre os investigados até o momento.
Homem de negócios
Segundo o relatório do Coaf, de R$ 1,2 milhão; R$ 320 mil foram em saques, sendo que R$ 159 mil sacados em agência no próprio prédio do legislativo estadual. Foi identificado um repasse de R$ 24 mil para a primeira-dama, Michelle Bolsonaro. De acordo com o presidente, o dinheiro faz parte de um empréstimo no valor de R$ 40 mil feito por ele a Fabrício, que é seu amigo.
O ex-assessor disse, em entrevista ao SBT, que é um homem de negócios e que trabalha com a compra e venda de veículos. Ele negou haver qualquer irregularidade nas transações financeiras. Os investigadores estranharam o fato de parte do salário de funcionários do gabinete de Flávio ter sido depositada na conta de Queiroz logo após o pagamento da assembleia.