A indicação do presidente Lula para que o ministro da Justiça, Flávio Dino, assumisse a cadeira de Rosa Weber no Supremo Tribunal Federal (STF) foi recebida com sentimentos misturados pela bancada do PSB na Câmara. Se por um lado o partido passa a contar com um correligionário na cúpula do Judiciário, por outro, sua saída cria insegurança quanto à permanência da sigla no controle do Ministério da Justiça. Para sua bancada na Câmara, a melhor solução seria a nomeação do atual secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli.
“Se [o ministério] é do PSB, e se o Ministério da Justiça fez um bom trabalho, a gente tem a expectativa, e a bancada já se manifestou internamente ao governo, pedindo a manutenção do Cappelli”, relatou o líder do partido na Câmara, Felipe Carreras (PSB-PE). Ele conta que os deputados chegaram a apresentar formalmente o pedido ao presidente Lula.
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Ricardo Cappelli é um aliado antigo de Flávio Dino, tendo sido anteriormente seu colega de partido no PCdoB e membro de sua equipe secretarial no governo do Maranhão. Em 2023, ao entrar para o Ministério da Justiça, juntou-se ao ministro no PSB, conquistando rapidamente confiança dos dirigentes nacionais e distritais.
A confiança e a proximidade de Flávio Dino transformaram Cappelli em um resolvedor-geral de problemas do governo em temas relacionados à segurança pública. Após os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, assumiu o cargo de interventor federal de Segurança Pública no DF. Mais tarde, com a exoneração do general Gonçalves Dias no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ocupou interinamente a pasta. Como secretário executivo do Ministério da Justiça, ele atualmente é a principal força política na operação de Garantia da Lei e da Ordem no Rio de Janeiro.
O entendimento de Carreras é de que o caminho natural para que o Ministério da Justiça possa dar plena continuidade às suas ações é a nomeação de Ricardo Cappelli. “Não foi só o Flávio Dino quem ocupou competentemente o ministério. Foi o time. Depois dele, a pessoa é o Cappelli. O que nós fizemos, e o que a gente pede, é que o governo leve isso em consideração ao trocar o ministério”, ressaltou.
A decisão, porém, cabe ao presidente Lula, que conta com outros nomes em seu leque de possíveis sucessores ao cargo. Ricardo Lewandowski, ex-ministro do STF, é o concorrente de maior peso, contando com visões jurídicas compatíveis com as defendidas pelo petista, bem como uma relação próxima com diversos quadros do governo.
PublicidadeApesar do interesse em manter um de seus membros na chefia do Ministério da Justiça, Carreras ressalta que o pedido não configura uma cobrança. “A gente não quer criar nenhum tipo de constrangimento ao governo, nós somos aliados de primeira hora. É uma decisão dele”, garantiu.