* Texto escrito em parceria com pós-graduandos em Ciência Política da FESP-SP na disciplina de Análise Política.
Para colocar em prática suas respectivas agendas, os prefeitos eleitos têm o desafio de formarem maiorias nas câmaras municipais. O presente texto observa os resultados obtidos pelos executivos eleitos nas 26 capitais do país. O intuito é compreender o espaço conquistado pelas suas respectivas legendas e, principalmente, pelas coligações formalizadas para a disputa do primeiro turno. A partir de tais resultados, torna-se possível imaginar quem terá mais ou menos dificuldades para realizar seu programa com base em negociações com o parlamento, com os vereadores eleitos e com seus respectivos grupos e partidos em tais cidades.
O que se verifica como tendência nas capitais:
- Ideologicamente o padrão replica o que se verificou no Brasil, com partidos de direita predominando, amparados fortemente pelas legendas do chamado Centrão;
- A exemplo do que se verificou em todo o país, a reeleição é significativa nas capitais, com 61% do total de prefeitos eleitos, desconsiderando aqui o fato de que em algumas destas cidades o mandatário não podia ser reconduzido;
- Dois PARTIDOS de prefeitos reeleitos, sozinhos, conquistaram mais de 40% dos vereadores. São eles: o PL em Maceió e o PSB em Recife, com JHC e João Campos, respectivamente. No Rio de Janeiro, o PSD do reconduzido Eduardo Paes superou 30% das cadeiras na Câmara;
- Em Belém, Florianópolis e Natal, o partido do prefeito superou 20% dos vereadores. Nas demais capitais, o PARTIDO vencedor ficou aquém desse percentual;
- Para efeitos de governabilidade, o desempenho da COLIGAÇÃO eleita em cada capital se mostra mais relevante, indicando com quantas cadeiras o governante começa a estabelecer as negociações para a formação de suas bases no Legislativo. Nesse caso, as 26 capitais foram divididas em CINCO faixas de desempenho: acima de dois terços das cadeiras, entre metade e dois terços, entre um terço e metade, abaixo de um terço e, por fim, aquém de um décimo;
Na primeira faixa, espera-se facilidade para seis prefeitos consolidarem suas agendas, a partir de largas bases de eleitos na coligação. Estamos falando das seguintes capitais: Recife (78%), Rio Branco (76%), Natal (72%), João Pessoa (72%), Salvador (72%) e São Paulo (67%). Natal é a única cidade da lista em que não houve reeleição, com a manutenção do grupo político que está no poder a partir da vitória do apoiado pelo prefeito;
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Na segunda faixa, espera-se relativa facilidade para outros seis prefeitos, nas seguintes capitais: Belém (66%), Florianópolis (65%), Maceió (60%), Rio de Janeiro (55%), Curitiba (53%) e Goiânia (51%). Aqui se destacam três mandatários reeleitos em Santa Catarina, Alagoas e Rio de Janeiro, com dois políticos da oposição vencendo em Belém e Goiânia, e com a manutenção do grupo que está no poder entre os curitibanos;
Na terceira faixa, o mandatário terá que negociar maiorias com partidos que não estavam em sua coligação, tendo em vista que elegeram menos da metade dos vereadores, mas ainda assim superaram um terço das cadeiras parlamentares. Aqui temos cinco capitais: Porto Alegre (46%), Macapá (44%), Manaus (39%), Fortaleza (35%) e Vitória (33%). A reeleição, neste grupo, só não caracteriza a capital cearense, onde o PT foi eleito em oposição ao PDT;
Na quarta faixa, o prefeito eleito não obteve sequer um terço do Legislativo, e dificuldades mais agudas são esperadas. Aqui outras seis capitais: Boa Vista (26%), Belo Horizonte (24%), São Luís (23%), Campo Grande (21%), Teresina (17%) e Cuiabá (15%). Quatro prefeitos aqui foram reeleitos, demonstrando dificuldades de seus grupos políticos, com Teresina e Cuiabá escolhendo futuros mandatários que estavam na oposição ao governo eleito em 2020;
Na quinta e última faixa, o que se pode compreender como o grupo que terá expressiva dificuldade em implementar agendas, tendo em vista que obteve menos de 10% das cadeiras do parlamento local. Aqui existem três casos: Palmas, Aracaju e Porto Velho, sendo que nesta última capital nenhum vereador foi eleito pelo Podemos, único partido que venceu o pleito deste conjunto de cidades sem coligação.
Prefeitos eleitos nas capitais e suas respectivas bancadas nas Câmaras Municipais com base em partidos e coligações majoritárias:
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