O coronel da Polícia Militar do estado de São Paulo (PMSP) Nivaldo Restivo, indicado para assumir a chefia da Secretaria de Políticas Penais do Ministério da Justiça durante o novo governo, anunciou a desistência de seu futuro cargo. Alegando a saída para lidar com questões pessoais e familiares, Nivaldo provavelmente não resistiu à pressão que veio como reação à sua indicação. O PM era visto com receio por muitos dos apoiadores do presidente eleito Lula (PT) por conta de seu envolvimento, mesmo que indireto, no massacre do complexo prisional de Carandiru.
Ocorrido em 1992, o massacre da Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como presídio de Carandiru, foi um divisor de águas na história do crime organizado no Brasil. Enviados para deter uma rebelião interna, policiais militares provocaram a morte de mais de uma centena de detentos. Além de chamar atenção pela possibilidade de violação de direitos humanos, a chacina serviu de pretexto para que presos de outros complexos fundassem a facção criminosa Primeiro Comando Capital (PCC), criada para retaliar ações do tipo.
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Na época, Nivaldo Restivo era o oficial responsável por equipar os policiais encaminhados para a operação no presídio. Sua presença no episódio criou pressão sobre o novo governo desde a sua indicação, situação que piorou nesta sexta-feira (23) em função do indulto concedido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) aos policiais condenados pelo massacre.