Militares críticos ao governo Bolsonaro têm se posicionado contra a gestão do presidente e pedem a saída de Eduardo Pazuello do Ministério da Saúde.
Coluna publicada pelo Estadão nesta segunda-feira (21), joga luz sobre membros das Forças Armadas que discordam das alianças de Bolsonaro com o Centrão e veem com maus olhos os imbróglios jurídicos envolvendo seu filho Flávio, denunciado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro pelo esquema de rachadinhas, quando ainda era deputado na Alerj.
O general Francisco Mamede Brito escreveu há um mês: “O apreço entre as instituições de Estado
deve se basear no ideal republicano. Subserviência, fisiologismo e corporativismo não fazem parte desse ideário”.
Não são apenas oficiais generais, como Santos Cruz, Brito e Sérgio Ferolla que divergem e expõem o governo. As críticas vêm também de coronéis, como Marcelo Pimentel Jorge de Souza e Péricles da Cunha.
Segundo mostra a coluna de Marcelo Godoy, o coronel Marcelo Pimentel nunca foi aliado de Bolsonaro por julgá-lo um mal militar. “Em tese, ele poderia ser alvo de impeachment”, disse o militar ao Estadão.
Em texto recente, Marcelo Pimentel defendeu que Eduardo Pazuello, à frente da pasta da Saúde, não cumpre o Manual de Logística do Exército. Pazuello assumiu o Ministério depois da saída de Nelson Teich e Luiz Henrique Mandetta, já durante a pandemia.
Mesmo sem ser médico, como os antecessores, sua permanência na pasta sempre foi defendida pelo governo por Pazuello ser um “logístico”.
“Você acha que o ‘logístico’ está seguindo o manual de logística? Eu acho que não! Logo, pede pra sair…Pazuello!”, diz Marcelo Pimentel. “Boa parte da sociedade está percebendo. Nenhum de nós, que vestimos fardas, se incomoda? Nenhum de nós, vendo esse tipo de exposição, se põe a refletir, além do argumento fácil a ‘culpa é da imprensa’?”
À coluna, o coronel afirmou achar o impeachment “o que de pior poderia acontecer para o Brasil”. “Estou seguro de que Maia sabe disso, e a oposição que tem juízo também. Bolsonaro não é Trump, mas pode e deve ser derrotado nas urnas. Ele e o partido militar, que não é o Partido Republicano.”
Já Péricles da Cunha, crítico de Lula e de Bolsonaro aponta que “se o despreparo do general
intendente no Ministério da Saúde equivalesse ao do Exército, a Bolívia poderia conseguir sua saída para o mar. Pelo Atlântico.”
Na semana passada, ignorando o aumento nos casos de covid-19 no país, Bolsonaro disse que a pandemia estava “chegando ao fim”. “Temos uma pequena ascensão agora, que chamo de pequeno repique, que pode acontecer, mas a pressa da vacina não se justifica.”
A postura negacionista do presidente e de Pazuello também causam desconforto no tenente-brigadeiro Sérgio Xavier Ferolla, ex-presidente do Superior Tribunal Militar de Justiça, ex-diretor do Centro Tecnológico da Aeronáutica e da Escola Superior de Guerra. Homem vinculado à ciência, ele escreveu que o governo Bolsonaro “infelizmente, por deturpação ideológica e incompetência, reprime a correta manifestação de cientistas”.
Dados deste domingo do Ministério da Saúde apontam que o país tem 7.238.600 casos e que o número de mortos pela covid-19 chega a 186.764.
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