O União Brasil se encontra no risco de perder sua parcela de deputados eleitos pelo Rio de Janeiro. Em função de conflitos internos, o prefeito de Belford Roxo e ex-presidente do diretório estadual, Wagner Carneiro, conhecido como Waguinho, migrou para o Republicanos. Com isso, seus aliados na Câmara dos Deputados e sua esposa, a ministra do Turismo Daniela Carneiro, também entraram com ações na Justiça eleitoral para acompanhar seu movimento.
Essa movimentação partidária é vista com bons olhos pelo vice-presidente nacional do PT, deputado Washington Quaquá (RJ). Aliado próximo de Waguinho, Quaquá foi um dos principais articuladores do apoio do diretório fluminense do União Brasil para a campanha eleitoral de Lula em 2022. A ponte com o novo governo ajudou a garantir a posição de Daniela Carneiro na Esplanada dos Ministérios.
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O laço entre o PT e o União Brasil, porém, não é mais de natureza eleitoral. Com 59 deputados e nove senadores, o partido sucessor do antigo Democratas se apresentou como uma bancada vital para que o governo consiga estabelecer uma posição majoritária no Congresso Nacional. Para garantir seu apoio, o governo trouxe o União Brasil para sua equipe ministerial, concedendo os ministérios do Turismo, Comunicações e Desenvolvimento Social.
A saída do casal Carneiro do União Brasil não foi bem vista pelo presidente nacional da sigla, deputado Luciano Bivar (PE). Nesta terça-feira (11), ele reivindicou a troca da chefia do Ministério do Turismo, alegando que Daniela foi uma indicação de seu partido. Washington Quaquá considera, porém, que essa mudança é improvável. “A Daniela é uma ministra que atende de certa maneira o Rio de Janeiro, que atende ao presidente Lula, que atende à bancada. A posição dela não está em jogo nesse momento, não há motivo para tirar”, argumentou.
Quaquá também ressalta que o capital político de Waguinho é estratégico para o governo para preservar sua posição no Congresso Nacional, não sendo benéfico tentar romper com o prefeito. “O Waguinho tem ao seu lado um grupo de seis deputados que juntos formam uma espécie de bancada, isso equivale a uma bancada do PCdoB. Eles atuam como um bloco, e um bloco que hoje tem uma relação muito sólida com o governo”.
A dinâmica de ministérios ao tratar com o União Brasil, para o líder petista, inevitavelmente sofreria mudanças em algum momento. “Vai haver naturalmente, ainda durante esse ano, uma reacomodação do governo. Todo governo quando chega próximo de completar um ano se acomoda. Nisso, vai ter que haver novas recomendações de ministérios. O que vai definir isso é o resultado das votações nos plenários da Câmara e do Senado”, antecipou.
PublicidadePonte com o Republicanos
Para Quaquá, a migração partidária de Waguinho e da bancada fluminense do União Brasil acaba, na realidade, abrindo uma janela de oportunidade para o governo se aproximar do Republicanos, que passará a contar com 48 deputados caso a justiça eleitoral decida acatar as ações de mudança de legenda. O prefeito de Belford Roxo ainda conseguiu se estabelecer como presidente do diretório do Republicanos no Rio de Janeiro, passando a exercer influência sobre os três deputados já eleitos pela sigla no estado.
O deputado não acredita que o atrito pelo Ministério do Turismo possa obrigar o governo a escolher entre o apoio do União Brasil ou do Republicanos, e que seja possível articular com os dois sem se anularem. Ainda assim, considera que a construção de uma ponte com o novo partido de Waguinho possa ser necessária para suprir as carências deixadas pelo partido de Luciano Bivar em sua base no Poder Legislativo.
“O União Brasil não vota todo com o governo. Tem três ministérios, e ainda assim não vota todo com o governo. O Republicanos já é um partido com centralização, com comando, posição de bancada”, ponderou. Quaquá também relembra que o Republicanos já demonstrou um gesto de interesse em uma aproximação anteriormente, votando favoravelmente à PEC da transição em 2022 e garantindo o orçamento desejado pelo novo governo em 2023.
Uma aproximação com o Republicanos também é vista pelo vice-presidente do PT como uma oportunidade de conseguir apoio de setores até então hostis ao governo. “A vinda do Republicanos é importante para a maioria do Congresso e para a política: traz o setor evangélico e traz o setor mais conservador da base do governo Lula”, afirmou.
Essa construção, porém, o deputado duvida que seja possível de ser realizada com agilidade entre os dois partidos. “Essa entrada do Waguinho ajuda, mas não vai ser uma aproximação automática. O que teremos certamente será uma aproximação lenta, porém gradual e constante”, ponderou.
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