Durante a sessão de reabertura dos trabalhos legislativos do Senado Federal, nesta quarta-feira (3), o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou ter “plena confiança” no sistema eleitoral brasileiro. Segundo ele, as urnas eletrônicas são motivo de “orgulho nacional”. Ele ainda reiterou que as eleições asseguram a legitimidade do poder político, a ser reconhecida assim que proclamado o resultado das urnas.
“Tenho plena confiança no processo eleitoral brasileiro, na Justiça Eleitoral e nas urnas eletrônicas”, afirmou, acrescentando que as urnas são motivo de “orgulho nacional” por promoverem “transparência, confiabilidade e velocidade na apuração do resultado das eleições”.
Pacheco mencionou, em especial, candidatos e agentes de Estado, pedindo para que trabalhem pela “contenção de ânimos”. “Faço um apelo a todos os cidadãos, a todos os segmentos da sociedade e a todas as autoridades públicas no sentido da pacificação de ânimos”, disse Pacheco, que também é presidente do Senado.
As declarações de Pacheco ocorrem em meio as o esforço do Executivo de, sem provas, atacar o sistema eleitoral do país, em especial às urnas eletrônicas. O presidente Jair Bolsonaro vem repetindo, nos últimos meses, suspeitas sobre as urnas e a apuração dos votos já desmentidas pelas autoridades.
Ainda em julho, Bolsonaro reuniu embaixadores estrangeiros em Brasília para apresentar falhar ao sistema de urnas brasileiras.
Antes do início da sessão em plenário, Rodrigo Pacheco recebeu uma carta elaborada por entidades da sociedade civil, que se autoentitula “Coalizão para a Defesa do Sistema Eleitoral”.
Publicidade“As entidades da sociedade civil abaixo listadas vêm à presença de V. Exª manifestar, inicialmente, sua indignação e repúdio em face dos constantes ataques que o senhor presidente da República e seus seguidores vêm desferindo contra o processo eleitoral brasileiro, a Justiça Eleitoral e seus juízes e servidores”, diz o documento entregue a Pacheco assinado por associações, sindicatos, e organizações de classe, entre outras entidades.
Pré-candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro voltou a repetir as teorias da conspiração, já desmentidas por órgãos oficiais, sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas. Em julho, Bolsonaro reuniu cerca de 40 embaixadores de diferentes países no Palácio da Alvorada para apresentar o que ele afirma se tratar de provas da ineficácia do sistema de segurança das urnas eletrônicas adotadas nas eleições.
A prova, porém, foram trechos de um inquérito da Polícia Federal (PF) vazado por ele em 2021, apontando para uma suposta fraude nas eleições de 2018 desmentida pela própria corporação e pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O inquérito em questão diz respeito a uma denúncia de que uma hacker conseguiu acessar os sistemas virtuais do TSE, incluindo as páginas dos ministros, oito meses antes das eleições de 2018. A investigação foi aberta no mesmo ano até que, em julho de 2021, Jair Bolsonaro vazou dados do inquérito, utilizando-o em uma live para afirmar que houve fraude nas urnas eletrônicas durante o pleito que o elegeu.
Em agosto de 2021, o TSE divulgou uma nota onde afirma ter recebido as informações da PF sobre o inquérito, e que, mesmo se confirmada a invasão, o hacker não seria capaz de alterar o resultado das eleições. “Cabe reiterar que as urnas eletrônicas jamais entram em rede. Por não serem conectadas à internet, não são passíveis de acesso remoto, o que impede qualquer tipo de interferência externa no processo de votação e de apuração”, explica.