O líder do partido do presidente Jair Bolsonaro no Senado, Major Olimpio (PSL-SP), diz estar convicto de que a retirada da articulação política das mãos do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), vai melhorar a relação do governo com o Congresso. Para ele, Onyx nunca promoveu qualquer interlocução com o Parlamento nesses seis meses de governo.
“Tenho convicção de que melhora. Sempre afirmei que até então não existia articulação política. O que vier vai ser bom”, afirmou ao Congresso em Foco. Homem forte no governo de transição, Onyx perdeu força dentro do governo em meio às críticas de parlamentares e derrotas na Câmara e no Senado, até que, na última quarta-feira, Bolsonaro anunciou que ele não será mais o interlocutor com o Congresso. Esse papel caberá ao futuro ministro da Secretaria de Governo, o general Luiz Eduardo Ramos.
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A transferência da articulação, segundo o Planalto, só se concretizará após a votação da reforma da Previdência na Câmara, ainda sem data confirmada – embora o governo trabalhe com a possibilidade de concluir o processo na primeira quinzena de julho, antes do recesso parlamentar.
“Eu não conseguia sentir efeito algum de articulação política, principalmente dentro do Senado, onde convivo com todos os senadores muito bem, com eventuais apoiadores e a oposição”, disse Major Olimpio. “Reclamei muito de fazer projeto de governo sem sequer uma nota técnica para instrumentalizar nossa defesa”, acrescentou.
Paciência e educação
Para o senador, o governo não se mobilizou para impedir a derrota na votação do projeto que revoga o decreto das armas na última terça-feira (18) no plenário do Senado. “A única ação de governo foi um pedido do presidente para que a população acompanhasse e estimulasse seus senadores a votarem com o decreto. Fora isso, só tivemos ações individualizadas comigo, com o Flávio Bolsonaro e o líder do governo, Fernando Bezerra”, lamentou. Caso a decisão do Senado seja confirmada pela Câmara, o decreto de Bolsonaro que facilita o porte e a posse de armas perderá a eficácia.
O líder do PSL sugere que Onyx não tinha paciência nem educação para dialogar com parlamentares. “O novo ministro deverá ter mais paciência e educação. Muitas vezes não dá para atender aos pleitos dos congressistas. Mas é preciso ter educação até para dizer não”, criticou.
Outra reclamação recorrente contra o ministro da Casa Civil é de que ele centraliza as decisões e não encaminha as negociações, irritando congressistas e dificultando a formação de uma base de apoio. “Parlamentares estavam queixosos de não terem sequer seus agendamentos atendidos. Levavam canseira de horas. Não conseguiam marcar encontro com prefeitos. Eles não queriam nem ser atendidos no pleito, mas simplesmente serem ouvidos”, disse o senador.
Na semana passada cinco ex-deputados nomeados por Onyx para fazer a interlocução com a Câmara foram exonerados. A relação entre eles e o ministro não era considerada boa. Líder do PSL, o deputado Delegado Waldir (GO) chamou a decisão de covardia.
Procurada pelo Congresso em Foco, a assessoria de imprensa da Casa Civil informou que o ministro não comentará as declarações de Major Olimpio.
Defesa do presidente
Em entrevista nesta sexta-feira, o presidente Jair Bolsonaro creditou parte dos problemas na articulação à inexperiência de seu governo e rebateu as críticas a Onyx. “Depois que a gente faz as coisas, a gente plota [compreende] que podia ter feito melhor ou não ter cometido aquele erro. Quando nós montamos aqui, no primeiro momento, [por] inexperiência nossa, houve, tivemos algumas mudanças nas funções de cada um que não deram certo. Então, em grande parte, retornamos ao que era feito em governo anterior.”
No governo Michel Temer, a articulação era feita pelo ministro da Secretaria de Governo. O último a comandar a pasta foi o ex-deputado Carlos Marun.
Bolsonaro negou que Onyx tenha sido rebaixado ou perdido poder. Segundo ele, o ministro terá a função mais importante do time do Planalto, depois da dele: a de goleiro. “A função do Onyx é a mais complicada que tem aqui. Eu entendo que nós adequamos agora, passando a Supar [Subchefia de Assuntos Parlamentares] para o Ramos e jogamos aí a PPI [Programa de Parcerias e Investimentos] para o Onyx. Ele tá fortalecido, no meu entender. Aqui não tem ministro fraco ou forte. Todo mundo tem que jogar junto nesse time”, declarou.
Começou a (merecida) fritura do Onyx.