Depois de anunciar a “despetização” da administração pública, com a exoneração em massa de mais de 300 servidores da Casa Civil, o ministro Onyx Lorenzoni manteve na pasta dois assessores ligados ao ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), ex-deputado cassado preso preventivamente em Curitiba e condenado na Operação Lava Jato. A informação é do jornal O Globo.
Os advogados Felipe Cascaes Bresciani e Erick Vidigal têm atuação destacada no início do governo Bolsonaro. Bresciani já advogou para Cunha e Vidigal escreveu um artigo defendendo o ex-deputado semanas antes de ser nomeado. Procurada para explicar os motivos da manutenção dos dois assessores, a assessoria de imprensa da Casa Civil não retornou o contato do jornal.
De acordo com O Globo, os dois foram indicados ao governo por Cunha. Bresciani foi o responsável final por um parecer do governo a respeito do indulto a presos, enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo próprio presidente na última terça-feira. Ele já participou de reuniões com ministros e Bolsonaro para discutir assuntos como o Estatuto do Desarmamento. Vidigal também já despachou com o presidente.
Para “despetizar o Brasil”, Onyx exonera cerca de 320 servidores da Casa Civil
Leia também
Onyx anunciou no dia seguinte à posse de Bolsonaro a exoneração de 320 servidores em cargos de confiança e em funções com gratificações na Casa Civil para acabar com a influência do PT na máquina pública. Segundo ele, a intenção era tirar a influência do PT no governo, apesar de o partido estar fora da presidência desde 2016, quando Dilma Rousseff foi cassada em processo de impeachment. Nos últimos dois anos e sete meses, o presidente foi Michel Temer, do mesmo MDB de Cunha.
Certo ajuste
PublicidadeO ministro da Casa Civil disse, na ocasião, que pouparia funcionários da Subchefia de Assuntos Jurídicos porque já trabalha com essa equipe desde novembro, na transição, e já tinha “um certo ajuste” nessa estrutura.
Bresciani e Vidigal foram nomeados menos de uma semana após o afastamento de provisório de Dilma, conta O Globo. Na época, Cunha já estava afastado da presidência da Câmara, acusado de vários crimes. O primeiro advogou para o ex-deputado em processos na Justiça. O segundo escreveu um artigo intitulado “Usufruir de paraísos fiscais não é crime”, em que defende o ex-presidente da Câmara, um mês antes de ser nomeado para o cargo.
De acordo com a reportagem, Vidigal assessorou o advogado Gustavo Rocha no Conselho Nacional do Ministério Público. Rocha também foi indicado por Cunha para a subchefia de Assuntos Jurídicos da Casa Civil no governo de Michel Temer.