A ministra dos Direitos Humanos e Cidadania, Macaé Evaristo, afirmou durante a cerimônia de posse, nesta sexta-feira (27), que o embate entre afirmação e negação destes direitos é o desafio da pasta. Segundo ela, no país há uma concepção de que os direitos humanos são, simplesmente, a “defesa de bandidos”.
“Infelizmente na nossa sociedade brasileira, muita gente tem uma concepção de que direitos humanos é uma coisa de quem defende bandido. E aí a gente tem um desafio para construir a ação deste ministério. A gente precisa entender a tensão entre afirmação e negação dos direitos humanos: segregação social, racial e ambiental para legitimar a opressão”, apontou Macaé Evaristo.
A ministra explicou que a tarefa do Ministério dos Direitos Humanos é “dialogar e disputar o próprio sentido dos direitos humanos”. Ela ainda acrescentou que as vocações da pasta são humanidade para todos, direito à vida, à liberdade, à educação, à saúde e ao trabalho. Macaé Evaristo evocou a Revolução Haitiana como um marco dos direitos humanos.
“Portanto, o Ministério dos Direitos Humanos, dedicado a cuidar das pessoas mais vulneráveis e estimular a convivência da diversidade, [deve] implementar um plano de ação que tenha como premissa a valorização das potências das periferias, favelas, comunidades urbanas e do campo”, disse a ministra. “Para nós, direitos humanos não é um termo retórico, ele só tem sentido se for materializado na vida cotidiana das pessoas comuns”.
Veja a cerimônia de posse:
A abertura da cerimônia de posse foi feita pela escritora Conceição Evaristo, prima da ministra. Autora de “Olhos D’Água”, ela leu durante o discurso um poema contido no livro “Poemas da recordação e outros movimentos”. Estiveram presentes no palco o presidente Lula, a primeira-dama Janja, e as ministras Esther Dweck, Marina Silva, Nísia Trindade, Anielle Franco e Cida Gonçalves.
Perfil da ministra
Professora e assistente social, Macaé Evaristo, antes de assumir a cadeira do ministério, era deputada estadual em Minas Gerais pelo PT. Oficializada em 9 de setembro no cargo, ela substituiu Silvio Almeida, demitido no início deste mês após denúncias de assédio sexual e moral, inclusive contra a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.
Tendo a educação como principal bandeira, Macaé Evaristo construiu a maior parte de sua carreira política dentro do Poder Executivo: foi secretária municipal de educação em Belo Horizonte entre 2009 e 2012 e assumiu a secretaria estadual entre 2015 e 2018. Ela também foi secretária de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação.